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Diário da Câmara dos Deputados
Marques satisfazia todas as condições e requisitos de bem servir o hinterland, para que a natureza o destinara. Isto era devido às obras e ao material com que se dotara o pôrto, e à organização dada aos seus serviços.
Essa organização é da rainha autoria e responsabilidade, e tinha sido começada a estudar em Lourenço Marques quando eu era governador e presidente da comissão de melhoramentos do pôrto, e se encontrava come comissário régio o grande colonial Sr. António Enes. Presidi a 50 sessões, formei, naturalmente, um juízo sôbre qual devia ser a melhor organização do pôrto de Lourenço Marques e tinha idea de a propor ao Govêrno central. Aconteceu que, vindo para Portugal, entendi que, para melhor me orientar, devia estudar a maneira como se faziam os serviços em outros pôrtos e, assim, fui visitar alguns. Convém dizer que fiz esta viagem à minha custa, sem subsídio do Govêrno. Nem o pedi.
Desse trabalho resultou uma organização perfeita, afastando a idea de se construir outro pôrto, pois que o nosso oferecia todas as facilidades para o serviço a que era destinado, prestando-se a um maravilhoso tráfego.
Aborrece-me falar de mim, mas fui eu, como Ministro das Colónias, que tomei a responsabilidade da organização decretada.
Quando tive a honra de acompanhar o Príncipe Real à África do Sul, ouvi uma alta personalidade da política Sul Africana dizer que se introduzira nos serviços do pôrto de Lourenço Marques uma nova orientação colonial, realizando só o que fôra um sonho de muitos anos.
Essas ideas não eram minhas. Eram de António Enes e de Mousinho de Albuquerque, pois passei três anos em África como chefe do seu estado maior. Constantemente observei as suas aspirações. Fui eu que publiquei a primeira organização autónoma e administrativa da província de Moçambique.
Nesse sentido, o meu amigo e camarada Sr. Eduardo Costa, numa longa campanha na imprensa, no livro, no folheto e na conferência, apresentou as bases, segundo o seu modo de ver, duma organização administrativa que devia assentar em obra sólida.
Continuei a política de Mousinho, política de que vive ainda hoje Moçambique...
Apoiado do Sr. Brito Camacho.
O Orador: — V. Ex.ª dando-me êsse apoiado, presta homenagem a si próprio.
Foi negociado o modus-vivendi depois da guerra, ou antes, foi negociada a convenção de 1899 dando lugar a vantagens nas tarifas ferroviárias, chegando-se a uma percentagem de 60 por cento que depois foi modificada e reduzida ao máximo de 55 por cento.
Como V. Ex.ªs sabem, Cecil Rhodes marcou um lugar sem igual na política imperialista inglesa; foi o primeiro que se opôs ao chamado mapa côr de rosa e viu com a pujança do seu cérebro que quem possuísse o dorso, a espinha duma linha férrea, estava seguro de todos os caminhos de ferro, de todas as linhas.
O plano era gigantesco, como grande era êsse homem, o maior que o mundo tem visto nos nossos tempos.
O facto é que os tempos foram mudando e transformou-se a política dos pôrtos.
O Alto Comissário pronunciou aqui há dias uma frase que me produziu uma certa impressão, direi mesmo algumas apreensões.
Disse S. Ex.ª que a convenção abrangia a União inteira. Se fôsse com referência ao comércio, ainda eu entendia, mas, quanto ao resto, não compreendo.
Se a concorrência livre se estabelecer para a chamada zona de competência, com que ficamos nós no Transvaal?
Com as regiões limítrofes?
Com o hinterland ferroviário?
O Transvaal dispende nos seus serviços ferroviários para a condução dos seus produtos ao pôrto de Lourenço Marques qualquer cousa como 800. 000 libras.
Onde vai êle buscar a compensação dessa despesa?
Ao imposto: mas estarão os boers dispostos a pagar mais êsse imposto?
Evidentemente em tudo isto há um complicado jôgo político a que o Govêrno Português tem de atender e a que eu faço referência simplesmente para que se não diga que fazemos reservas em tam importante assunto.