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Sessão de 27 de Abril de 1923
Eu não sei se tenho mais ou menos que S. Ex.ª mas o que sei é que S. Ex.ª tem uma medalha que eu não tenho: é a de comportamento exemplar. Eu não posso tê-la, porque já estive duas vezes na Fortaleza de S. Julião. Mas na vaga dessa medalha possuo, por exemplo, vários artigos da imprensa da África do Sul em que ao enxovalhado, é a notícia dum cônsul nosso, dizendo que a minha, atitude nesta Câmara tem causado grande desagrado na África do Sul.
Sr. Presidente; de um outro assunto ainda desejo tratar.
Segundo leio nos jornais, a Associação Anti-Esclavagista presidida por Sir John Harris dispõe-se a ir pedir, na próxima reunião da Sociedade das Nações, que um inquérito se faça às colónias portuguesas, principalmente à colónia de S. Tomé.
O assunto é de gravidade, tanto mais que não temos representante na Sociedade das Nações; fomos postos fora e substituídos por representantes do países neutros.
Sabe V. Ex.ª, Sr. Presidente, que veto de longe esta campanha da Associação Anti-Esclavagista contra nós. Principiou por uma questão em que interveio como medianeiro o Rei de Itália, é certo que com um pouco do relutância por parte da Inglaterra.
Depois houve a campanha dos chocolateiros, e devo dizer que muitos dos que intervieram nela morreram já na forca, acusados de traidores à Pátria.
Segue-se a primeira reunião da Conferência da Paz, onde os nossos representantes foram surpreendidos pelas reclamações que ali apareceram contra nós e até pelos artigos dum jornal escrito em português; tudo isso êles desfizeram, em nome do nosso brio de povo livre.
No ano seguinte nova investida, e agora chega-me a notícia de que se prepara uma nova reclamação para a próxima sessão plena da Sociedade das Nações.
Eu pregunto ao Govêrno o que é que projecta fazer para ir ao encontro dessa investida, que, porventura, obedeço aos mesmos intuitos daquela que se fez na primeira reunião da Conferencia da Paz.
Apoiados.
Eu pregunto ainda que autoridade tem o Sr. Harris para nos acusar de esclavagistas, quando êle sabe que no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Londres, existem documentos de todos os cônsules ingleses da nossa África, afirmando que a repatriação dos indígenas se faz normalmente e que se aparece um caso ou outro de violência é logo reprimido.
Apoiados.
Pregunto mais com que autoridade fala êsse senhor de nós, quando êle não ignora que é uma autoridade inglesa que confessa num documento que há escravatura na sua colónia.
De resto, como é que S. Ex.ª nos vem acusar de esclavagistas, quando nós fomos a primeira nação a abolir a escravatura!
E só meses depois é que apareceu uma vez em Inglaterra, a defender essa abolição, mas muito timidamente!
Apoiados.
Sr. Presidente: devo ainda chamar a atenção da Câmara, para um artigo que apareceu ultimamente num jornal americano, e que é um dos mais importantes de New York, em que com. gravuras e vários esquemas e num longuíssimo arrazoado, se discutem com muitos detalhes as negociações que estão entaboladas para a cedência da nossa colónia de Macau à Alemanha.
É inútil que o Govêrno nos venha dizer que essa notícia não tem o menor fundamento, mas aquilo que me interessa, e certamente à Câmara, é saber qual foi a atitude do nosso representante em New York, perante essa atoarda.
Apoiados.
Precisamos saber se êsse diplomata, como lhe competia fazer, imediatamente desmentiu essa atoarda ou só fez aquilo que costumam fazer alguns dos nossos diplomatas lá fora, que é seguir a política de silêncio que na metrópole se segue.
E é por isso que aproveito o ensejo para saudar daqui os que não seguem essa política.
Quero referir-me ao Sr. Melo Barreto que ainda há pouco teve a coragem de dizer, num jantar diplomático, que estava muito satisfeito pelas manifestações que eram feitas a Portugal e que isso o fazia esquecer as calúnias espalhadas em Espanha, contra a República Portuguesa.
Recordo também, com muito prazer, a atitude do nosso representante na Suíça,