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Diário da Câmara dos Deputados
quási todos totalmente paralíticos ou hemiplégicos!
Apodrecem no Tejo, com a agravante de se despenderem milhares de contos com inícios de reparações, para depois se acabar por reconhecer que o mal não tem cura!
O que se passou com o antigo cruzador D. Carlos é típico.
Actualmente só duas ou três unidades andarão sem muletas.
As outras...só se garrarem!
Vale a pena a Câmara ler o que a esto respeito disse, há dias, ao Diário de Notícias o Sr. Leote do Rêgo.
É edificante!
Pois, apesar disto, oficiais e praças não faltam!
Em 1910 a monarquia legou uma esquadra modesta, mas decentezinha: umas 34:000 toneladas, pouco mais ou menos.
Actualmente não existem mais do que umas 22:500 toneladas, incluindo toda a sucata amarrada no Tejo!
Pois, apesar disso, o número de oficiais de quási todas as patentes foi muito aumentado.
Até apareceu um almirante (o Sr. Canto e Castro) criado não sei para quê, nem por que bulas, apesar de tal pôsto não existir.
Mas vejamos:
[Ver valores da tabela na imagem]
Almirantes
Vice-almirantes
Contra-almirantes
Capitães de fragata
Capitães-tenentes
Engenheiros navais
Auxiliares do serviço naval
Oficiais da administração naval
Sargentos e praças
Apenas tiveram redução apreciável os primeiros e segundos tenentes.
E como não havia onde meter tanta gente, começaram as lotações dos navios a andar excedidas.
Colhi dados interessantes e devidamente documentados acêrca do que se passou com a ida do República e do Carvalho Araújo ao Brasil.
O passeio era agradável...
A lotação, dêstes dois cruzadores é igual: 8 oficiais e 142 homens das cinco brigadas, sendo 72 da 1.ª e 2.ª, 51 da 3.ª, 6 da 4.ª e 13 da 5.ª
Pois o República levou mais 16 homens das 1.ª e 2.ª brigadas, 2 da 4.ª e 4 da 5.ª e menos 2 da 3.ª ou seja o total de mais 20 homens.
E o Carvalho Araújo levou mais 10 das 1.ª e 2.ª brigadas, 14 da 3.ª, 1 da 4.ª e 3 da 5.ª, isto é, mais 28 homens.
Portanto,, andaram durante meses pelas paragens do Brasil e recebendo em ouro, mais 48 sargentos e praças do que os da lotação dos navios.
Isto pelo menos.
Entre os que foram a mais, figuram artilheiros e criados de câmara, que no emtanto me não parecem especializados em assuntos de aviação de modo a poderem prestar qualquer auxílio aos dois ilustres aviadores.
Houve até bulhas por causa do assunto.
A Câmara deve estar lembrada:
É preciso ter em atenção a despesa fabulosa que dá hoje uma viagem por portos estrangeiros dos nossos vasos de guerra, com resultado de os pagamentos às tripulações serem feitos em ouro.
E uma continha calada!
Sem pretender depreciar os serviços que aos aviadores prestaram aqueles dois navios — sem aliás, se justificar a sua tam longa permanência no Rio de Janeiro — apontarei como exemplo a despesa que êles fizeram só com o pessoal.
O República gastou 42:587 libras e 13 xelins e o Carvalho Araújo 2:132 libras, 3 xelins e 11 pence.
Total: 66:719 libras, 16 xelins e 11 pence, cousa superior a 6:700 contos ao câmbio actual.
Com material elevou-se a 84; 199 libras!
Dividindo o que gastou em pessoal cada navio, pelo total da sua tripulação, incluindo os oficiais, apura-se que no República coube durante a viagem a cada tripulante em média, o total de cêrca de 23. 900$, e no Carvalho Araújo, que se demorou menos tempo, cêrca de 12. 600$
Como a maioria da tripulação é constituída por praças, conclui-se que a oficiais especialmente e a sargentos coube quantia bastante superior àquela.
É certo que os tripulantes tinham de fazer as suas despesas em moeda mais cara do que a nossa.