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Sessão de 9 de Maio de 1923
Portugal e tem passado pela costa de Portugal a caminho da Argélia, e Marrocos.
O navio que o transportava, suportando talvez um violento temporal, não transmitiu pela telegrafia sem fios uma palavra de carinho ao povo português, e, contudo, muitos dos seus filhos foram derramar o seu sangue ao lado dos filhos do povo francês nos campos da Flandres.
Não recebemos a visita de Sua Majestade Jorge V, nem sequer de um dos seus filhos.
Que pena que essa viagem ainda se não tivesse realizado, porque êsse grande soberano teria ocasião de verificar, como verificou seu pui, as grandes qualidades de nobreza e hospitalidade do povo português, dêsse seu velho aliado, que a quatro meses apenas depois da guerra começar, a Inglaterra convidou formalmente, invocando a velha aliança, para ir com os seus soldados para os campos de batalha, e ainda alguns meses depois, invocando a mesma aliança, o convidou para tomar conta dos navios alemães, facto de que resultou a Alemanha declarar-nos a guerra.
Não há dúvida que palavras belas têm sido ditas na Inglaterra, em testemunho incontroverso de apreço pelo nosso esfôrço militar, que de resto nós demos sem o mercadejar, nem antes, nem depois da guerra.
Mas se é consolador receber dos. aliados palavras bonitas de elogio aos nossos soldados de terra e mar, também as recebemos do próprio inimigo. Que o diga o relatório do. marechal alemão, na parte que se refere ao avanço das tropas alemãs no dia 9 de Abril, avanço de que resultou o combato tremendo que alguns portugueses, alguns caracteres vagabundos, sem consistência e amor à sua terra, ousaram classificar de tremenda derrota; que se leia o relatório do, general alemão, que dirigiu a guerra na África oriental, e que se leiam ainda também as frases do relatório do comandante do submarino que meteu no fundo o navio que era comandado por Carvalho de Araújo, em que se presta homenagem à valentia dêsse marinheiro, como jamais não encontrara, sempre que tivera de defrontar navios doa outros inimigos.
Não tendo sequer sido retribuída a visita que o Sr. Bernardino Machado fez à corte inglesa, entendo que não faz sentido, mesmo que o actual Presidente acabe de receber um convite directo do Govêrno Inglês e, porventura, até uma carta autografa do rei Jorge V, o Presidente da República Portuguesa volte a pisar território inglês sem que se faça a retribuição da visita a que me referi.
De resto, estão pendentes negociações de uma grande importância, negociações que afectam altos interêsses económicos da nossa província de Moçambique, é estando em jôgo a soberania portuguesa, eu pregunto: em que situação se encontrava o Sr. Presidente da República, êle que de mais a mais pela Constituïção é o responsável pela política externa, se visitasse êsse País, antes de se regular definitivamente a questão do convénio, de forma a acautelarem-se e a respeitarem-se os interêsses e dignidade nacionais?
Pregunto: que vantagens podem resultar dessa viagem?
O Sr. Smuts, segundo leio nos jornais ingleses, está em viagem para Inglaterra. Pois que êle venha a Portugal e discuta com o Govêrno Português, em pé de perfeita igualdade, as bases da convenção, em que sejam respeitados os interêsses portugueses e a nossa soberania.
Como o Príncipe de Connaught está de licença em Inglaterra, quando fôr novamente para o seu pôsto, ou o seu substituto, que passem por Lisboa, e então, depois disso, o Sr. Presidente da República, ou qualquer outro que o seja, quando realizar a viagem às nossas duas colónias pode aportar à África do Sul, sem ser em arribada forçada, como aconteceu há pouco tempo.
Tenho muita pena de com estas declarações ser desmancha prazer ou ser desagradável àqueles que imediatamente, depois da notícia, começaram a fazer o foguetório e, porventura, a insinuarem que se deviam esquecer as palavras imprudentes do Sr. Smuts e se devia contar com a sua lealdade.
Mas cada um tem o seu feitio. Tenho o meu, e já sou velho para mudar.
O orador não reviu.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Leite Pereira): — Respondo em poucas palavras ao discurso