O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6
Diário da Câmara dos Deputados
Sr. Presidente: como homens de ordem, representamos uma causa que quere a ordem, e como tal, não podemos, sem esquecer aliás o respeito que devemos a todos os que pensam ao contrário de nós, contribuir para que o Parlamento esteja a toda a hora a glorificar actos que representam atentados contra à ordem.
Vozes: — Não apoiado!
O Orador: — Sr. Presidente: é lamentável que numa hora em que a união de todos os portugueses se impõe como absolutamente necessária para a salvação nacional, sejam trazidas à tela da discussão, questões que só contribuem para a sua divisão.
Entendo que era de toda a conveniência esquecerem-se todas as lutas entre portugueses, e procurarem todos trabalhar para aquilo que o País quere e entende que devemos trabalhar.
O País não se importa com as lutas entre partidos, mas importa-se tam somente com saber a situação financeira em que se encontra e as dificuldades de vida com que lutam todos os portugueses.
Cuidar destas condições deve ser o primeiro dever do Parlamento, e para o cumprir não me parece que seja o melhor caminho estar a acirrar lutas passadas e a glorificar movimentos revolucionários.
O Sr. Almeida Ribeiro na sua proposta presta também homenagem àqueles que morreram em 14 de Maio.
Nunca êste lado dá Câmara se recusou a prestar homenagem àqueles que morreram nas lutas por um ideal que sinceramente julgavam o mais conveniente aos interesses nacionais.
Se a proposta do Sr. Almeida Ribeiro, que nós julgamos inoportuna, se referisse exclusivamente a prestar homenagem a todos os que morreram no 14 de Maio, quer defendendo quer atacando o Govêrno, nós não tínhamos dúvida em prestar essa homenagem.
Mas uma vez que à tela da discussão foi trazido o assunto — revolução de 14 de Maio — uma vez que uma perniciosa propaganda, em que o Parlamento tem tido larga responsabilidade, há deixado passar, como cousa normal, vários atentados pessoais, nós dêste lado da Câmara, cônscios de que interpretamos o sentir do País, cônscios de que cumprimos o nosso dever de homens de ordem, não podemos deixar de protestar contra os vis e infamíssimos atentados que houve nessa revolução de 14 de Maio, como contra todos aqueles atentados que tem havido neste País e que, para mal do nome português, tem ficado impunes, como sucedeu com o assassino do Presidente da República, Sidónio Pais.
Somos homens de ordem, não podemos, portanto, deixar de protestar — e protestar com toda a nossa energia — contra estes infames atentados, protestando contra a impunidade que os govêrnos republicanos têm concedido aos assassinos e criminosos.
Vozes: — Não apoiado!
O Orador: — Não quere êste lado da Câmara estar a recordar, caso por caso, os vis atentados cometidos na revolução de 14 de Maio e nos dias próximos dessa revolução.
Mas não podemos, sem quebra do respeito que devemos aos que pensam o contrário do que nós pensamos, deixar passar sem protesto também as palavras do Sr. Almeida Ribeiro, quando S. Ex.ª fez a apologia da revolução e disse que tinha sido uma revolução benemerente.
Mais do que as palavras podem os números e os factos, e eu tenho aqui mais elucidativo do que tudo, mais elucidativo do que todas as palavras, um documento que bem pode dizer-se que tem carácter oficial, porque é saído do serviço de tesouraria do Banco de Portugal.
Tenho-o aqui e é oportuno ter numa época em que todos se devem preocupar com as circunstâncias da vida com que lutam os portugueses.
Tenho aqui êste mapa bem elucidativo a mostrar as consequências da revolução de 14 de Maio.
Êste mapa traz um gráfico representativo do movimento de câmbios desde 1910 até 1920.
O primeiro momento em que houve uma melhoria cambial foi justamente nessa ocasião, foi justamente depois de 28 de Janeiro até 14 de Maio.
Era 14 de Maio, em que houve uma re-