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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Agatão Lança: — Sr. Presidente: a melhor maneira de se comemorar o 14 de Maio é aprovar o parecer n.º 425. Requeiro que êle entre imediatamente em discussão.
O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: poucas palavras em resposta ao Sr. Joaquim Ribeiro e para dizer que demasiadamente S. Ex.ª sabe que no movimento de 14 de Maio não entraram monárquicos; foi ùnicamente um movimento entre republicanos, dos quais alguns ficaram vencidos e entre êles o actual Chefe do Estado.
Nesse movimento de 14 de Maio esteve contra ele o Sr. Brito Camacho que acompanhou Pimenta de Castro.
Vários àpartes.
Apoiados e não apoiados.
O Orador: — Um vencido, uma vítima do 14 de Maio, foi o Dr. Manuel de Arriaga, a quem neste momento presto todas as homenagens, pois foi um homem honesto e honrado.
Apoiados.
Como V. Ex.ªs vêm, neste movimento não entraram monárquicos, mas ùnicamente republicanos.
Sr. Presidente: quando há tanta cousa a fazer de proveitoso para o País, é lamentável que venham comemorar datas que só servem para acirrar ódios entre portugueses.
Termino, prestando a minha homenagem ao exército e à marinha e a todas as vítimas do 14 de Maio.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Pires Monteiro: — Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar com o mais vivo entusiasmo à proposta do ilustre Deputado Sr. Almeida Ribeiro, leader da maioria democrática.
O movimento de 14 de Maio, vitorioso, restabeleceu a normalidade constitucional que tinha sido alterada.
Estava em Angola e a 17 de Maio recebi a notícia de que os republicanos sinceros se tinham reünido e combatido uma ditadura militar contrária à essência de uma democracia. Os adversários das instituições proclamadas vibrantemente pelo povo na alvorada de 5 de Outubro de 1910 mais uma vez eram vencidos, porque eram os inimigos da República os principais vencidos. A ditadura era o meio indirecto de conseguir o esmagamento do regime, e os seus executores, alguns velhos republicanos, eram homens esquecidos da pureza dos princípios e das lições da história da última parte do século XIX.
O movimento de 14 de Maio de 1915 levou, alento a quantos republicanos estavam na campanha do Sul de Angola e viviam na incerteza dos cruéis destinos da República entregue a uma ditadura, imposta por um movimento negativista, vergonha dos que o aceitaram, e tendo o objectivo, que factos posteriores bem evidenciaram, de prejudicar a nossa intervenção militar na Grande Guerra.
Foi por isso, Sr. Presidente, que nós, que estávamos defendendo a integridade dos nossos territórios em África, recebo-mos com enorme alegria a notícia de que tinham vencido os defensores da normalidade constitucional, sem a qual a República é o mais perigoso de todos os regimes. Êsse perigo tinha sido jugulado.
Sr. Presidente: referiu-se o ilustre Deputado Sr. Carvalho da Silva à nossa agitada vida política dos últimos doze anos, querendo atribuir à República todas as perturbações, todas as rebeliões, todos os sobressaltos e sedições que se têm dado no País.
Sabe a Câmara, Sr. Presidente, conhece bem o País, a diferença que existe entre os dois regimes; sabe a Câmara o que foi essa tentativa de regime realista no norte do País em 1919 e o País não esquece, jamais esquecerá, as intransigências bárbaras, as violências e os desmandos, as loucuras e os crimes de personalidades investidas em elevados cargos administrativos durante essa tentativa de 25 dias, precedida de pelos excessos da ditadura dum megalómano.
Não vim prevenido com o chamado Diário do Govêrno da monarquia do norte, conhecido, muito justamente, pelo ferrete da traulitânia, porém, a Câmara não esquece o que foi êsse regime e todos assim deverão estar convencidos de que a monarquia, a restaurar-se no nossa país, seria uma ampliação daquilo que foi o regime de intransigências e violências, de dispantérios e de loucuras que o mais