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Sessão de 14 de Maio de 1923
malidade indispensável que tornasse obrigatória a retribuição dessa visita.
O argumento do Sr. Leote do Rêgo, de que o rei da Bélgica foi o único que se apressou a vir a Portugal agradecer essa visita, não serve para concluir que da parte da Inglaterra não houve para connosco a cortesia a que tínhamos direito.
O rei dos belgas fez uma viagem ao Brasil e passando na Europa foi convidado pelo Govêrno português a vir a Portugal fazer uma visita a Lisboa.
Êstes é que foram os factos.
Eu não tenho culpa alguma de que o Sr. Leote do Rêgo não tenha realizado ainda as suas justas e naturais aspirações.
Não o tenho embaraçado, como não embaraço ninguém, de afirmar em postos de confiança e em postos de honra os seus méritos.
Reconheço os méritos de S. Ex.ª e basta isto para que ninguém possa atribuir-me algum propósito de ter inibido S. Ex.ª de realizar essas aspirações.
O Sr. Leote do Rêgo: — V. Ex.ª pode dizer à Câmara quais são essas aspirações?
O Orador: — V. Ex.ª é que as pode dizer melhor que ninguém.
O Sr. Leote do Rêgo: — Eu posso declarar à Câmara que não quero ser Ministro.
O Orador: — Registo a afirmação de V. Ex.ª
O Sr. Leote do Rêgo: — Eu deixo o caminho livre a V. Ex.ª
O Orador: — Não preciso de que V. Ex.ª me deixe livre o caminho.
Sr. Presidente: ficam claras e nítidas as afirmações que faço hoje, que não são senão a reprodução das afirmações que fiz na semana passada.
Não tirei nem quis tirar importância alguma da viagem do Sr. Bernardino Machado.
Toda a gente o poderia fazer menos eu.
Não quis concluir que a situação, é má, por não ter sido retribuída a visita do Sr. Bernardino Machado em 1917.
A conclusão é do Sr. Leote do Rêgo.
O Sr. Leote do Rêgo ainda pretendeu de qualquer maneira suscitar da parte da. imprensa portuguesa qualquer animadversão contra mim por eu atribuir a essa imprensa o boato da venda de Macau.
Não censurei a imprensa portuguesa, mas sim os jornais estrangeiros que bem depressa esqueceram a entrada de Portugal na Grande Guerra e nos colocam em tais atitudes.
Quanto aos jornais portugueses, apenas disse que era minha opinião, que ainda mantenho, que a casos desta ordem não se deviam fazer referências.
Eu declarei que não tinha vindo aqui como Ministro da República desmentir boatos da venda de Macau, porque êles eram de tal ordem que não necessitavam desmentidos e não mereciam a honra de ser tratados no Parlamento Português por quem quer que fôsse e muito menos pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Êsse boato em todo o caso foi desmentido, e o Sr. Leote do Rêgo manifestou a sua má vontade contra o nosso Ministro em Paris na alusão que fez, dizendo que eu dissera que S. Ex.ª não fizera êsse desmentido, porque tinha a orientação de não fazer desmentidos.
Essa afirmação também não é verdadeira, pois que eu não disse isso do Sr. João Chagas.
Eu o que disse foi que S. Ex.ª entendia que certos boatos da imprensa estrangeira não merecem a honra de ser desmentidos.
Êsses boatos foram desmentidos pelo Ministro de Portugal em Washington e pelo jornal L'Homme Libre.
O discurso do Sr. Leote do Rêgo foi evidentemente pronunciado numa má hora, mas eu não tenho obrigação de considerar essa atenuante.
O Sr. Leote do Rêgo disse que os nossos funcionários no estrangeiro podiam fazer fàcilmente êsses desmentidas e mesmo pagá-los dos seus vencimentos, porque ganhavam bastante, e para isso referiu-se à reforma do Sr. Veiga Simões que foi publicada em 1921. Se S. Ex.ª tivesse visto a respectiva tabela, não teria feito tal afirmação.
A reforma do Sr. Veiga Simões foi