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Diário da Câmara dos Deputados
suspensa pelo Ministério do Sr. Cunha Leal, sendo Ministro dos Negócios Estrangeiros o Sr. Júlio Dantas.
Foi só exceptuada a parte dos emolumentos destinados ao Estado.
Os vencimentos dos diplomatas foram sempre, determinados por verbas orçamentais ou pelo Parlamento.
A verdade é que os nossos diplomatas ganham tam pouco que não podem mandar fazer constantemente por sua conta desmentidos nos jornais estrangeiros, sendo também certo que é indispensável aumentar os vencimentos aos nossos diplomatas, se queremos que o nosso País seja bem representado lá fora.
Sr. Presidente: êsse aumento quem tem de o fazer é o Parlamento.
Sr. Presidente: com respeito e a propósito do convite ao Sr. Presidente da República para ir visitar o sul africano, se S. Ex.ª fizer a sua visita às colónias, ainda o Sr. Leote do Rêgo se referiu ao facto de estar presentemente em Londres o governador dêsse Estado, o Sr. Duque de Connaught.
Infelizmente, êsse governador não está em Londres, mas no sul africano.
O Sr. Leote do Rêgo, que tam familiar se mostra com as altas personalidades da política mundial, esqueceu-se de que há o Duque de Connaught e o filho.
Não quero cansar mais a Câmara, mas desejo afirmar que a administração de Portugal é honrosa, e não se pode permitir que alguém no Parlamento faça afirmações em contrário.
Para que esta afirmação honrosa se mantenha, é necessário que não se procure levantar questões sem importância e sem grandeza, só com a veleidade de atacar um determinado Ministro, e fazendo crer perigos para Portugal, que é digno de melhor sorte.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Presidente: — Está em discussão a acta.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Ninguém pede a palavra, considero-a aprovada.
O Sr. Álvaro de Castro deseja tratar em negócio urgente, e com prejuízo da ordem do dia, das negociações sôbre o convénio com o Govêrno da União Sul-Africana.
Vou consultar a Câmara sôbre se ela permite que S. Ex.ª use da palavra nas condições indicadas.
Consultada a Câmara, foi autorizado.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Álvaro de Castro.
O Sr. Álvaro de Castro: — Sr. Presidente: vou reatar as considerações que em 8 de Março findo fiz, pela primeira vez, nesta Câmara.
Ontem, o povo de Lisboa, numa romaria piedosa, prestou a homenagem do seu culto a um dos homens que em Portugal mais fizeram pela grandeza do país e, principalmente, pelo seu prestígio perante as nações estrangeiras. Se fôsse poeta e iniciasse um poema, eu invocaria o espírito de sinceridade patriótica que sempre guiou êsse homem na realização da sua grande obra, para que, nesta hora, me inspirasse para realizar a minha interpelação ao Sr. Ministro das Colónias, muito acima das paixões dos homens, mas sempre servindo a Pátria com o mesmo desinteresse e entranhado amor pelos seus princípios de evolução é de progresso, mas sempre em face das nações estrangeiras numa situação altiva e nobre, lutando pelos seus ideais com toda a intransigência própria dos espíritos que compreendem as necessidades do país.
Relembrou-se hoje, aqui, uma data que é gloriosa para todos os republicanos.
Foi aqui enaltecida a obra que marcou essa data, e bem assim enaltecida foi a acção dos homens que nela colaboraram.
Também essa luta teve por fim prestigiar o País perante o estrangeiro, mostrando que queríamos ter no solo europeu lugar marcado como nação livre e com autoridade para impor todos os seus direitos e cumprir internacionalmente todos os seus deveres.
Sr. Presidente: nesta hora não podia esquecer os nomes dos homens que deram o seu esfôrço e a sua vida, nesse momento, ao prestígio da Pátria Portuguesa; mas relembrarei um nome único, visto que está neste momento em causa: é precisamente o do Sr. Ministro das Colónias.