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Sessão de 15 de Maio de 1923
Que tristes momentos em que vivemos!
Porque se discute um assunto que interessa a uma colónia é-se um candidato a Alto Comissário ou deseja-se derrubar o Ministro das Colónias. Porque eu discuti os actos do nosso Ministro em Paris, embora eu prestasse a êsse homem todas as homenagens pelos serviços prestados no passado, que são enormes, tenho má vontade contra êle.
Vou mais longe nos elogios. Diz-se que foi o malogrado Machado dos Santos que fundou a República. Quem fundou a República foram os homens de 31 de Janeiro.
Quem pensa assim, tem todo o direito de com a maior imparcialidade notar as faltas que êsse homem possa praticar.
Acabaram os homens intangíveis.
Estávamos bem arranjados, se a cada momento de se discutirem os homens públicos, aparecia um chapéu de chuva aberto.
Se à mais pequena gota se abria o chapéu de chuva, acontecia que o chapéu de chuva acabava por se escangalhar com o vento.
Insinuou o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros que tenho o pensamento secreto de me instalar na embaixada de Paris, e por isso ando a fazer campanhas contra o Sr. João Chagas.
Nunca serei Ministro em Paris, nem quero sê-lo.
De resto, disse com humorismo uma vez o Sr. João Chagas que não queria morar na Rua de Rivoli, porque podia haver uma revolução em Portugal.
Aqui tem V. Ex.ª mais uma razão para o representante de Portugal chamar a atenção para o seu país.
Apoiados.
Aludiu S. Ex.ª, o que eu lamento muito profundamente, às minhas viagens a França. Eu não sou contínuo, nem director geral do seu Ministério para lhe pedir licença.
Apoiados.
Só tenho de pedir licença ao Sr. Presidente da Câmara, e vou para onde quero; e nessas viagens tenho-me ocupado um pouco das cousas de Portugal, e recebi até telegramas e palavras de agradecimento de V. Ex.ª
Desculpe-me a Câmara que eu lhe tome alguns momentos falando de mim, mas tenho de ir até o fim.
Quando foi das homenagens ao Soldado Desconhecido o Sr. Leote do Rêgo era Deputado en vacance e foi almoçar com o chefe de gabinete do Sr. Briand. Conversou-se em cousas de Portugal, e disse a S. Ex.ª que seria bom vir a Lisboa alguém representar a França, e foi esta idea acolhida com entusiasmo, sendo escolhido o marechal Joffre para essa missão.
Eu fui a casa do marechal Joffre, que tam contente ficou que me disse que viria e traria sua esposa. Tinha estado em Espanha, mas desejava ver de perto os portugueses, êste admirável país. Depois foi comunicado que o Govêrno Francês mandaria o cruzador Jeane d'Are, que era um navio histórico.
Eu comuniquei êste facto pela via mais rápida.
Sr. Presidente: não digo isto para me agradecerem; eu fiz o que qualquer português no estrangeiro faria em bem de Portugal.
O Sr. Agatão Lança: — Que não fôsse pago pelo Govêrno....
O Orador: — Eu pratiquei êste grande crime, e dias depois os jornais noticiavam que o Ministro de Portugal em Paris tinha alcançado uma grande glória.
Dêem-se os factos que se derem, embora o meu coração se parta, emquanto V. Ex.ª estiver nesse lugar, a minha voz não se elevará mais a respeito de política diplomática.
Eu devo dizer também que falando-se agora na viagem de circunnavegação aérea pelos heróicos aviadores, eu não vi ainda que o Poder Executivo viesse ao Parlamento comunicar êsse facto de tanta importância.
Apoiados.
De resto, êsse assunto tem um aspecto financeiro (Apoiados) que não sei como resolver-se. Estamos diante dum orçamento de 40:000, 60:000, 80:000 contos; eu só direi que têm muita razão, mas que não posso votar.
Apoiados.
Para terminar, mais uma vez tenho de felicitar o ilustre jornalista Sr. Augusto de Castro pelas diligências que tem feito.