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Sessão de 15 de Maio de 1923
dia estar autorizado a dizer que só êsse desmentido não havia sido feito, não tinha sido por menos patriotismo.
Mas disse ainda a S. Ex.ª: não sei o que fizeram os representantes, mas sei bem o que fiz, que foi telegrafar aos nossos Ministros em Washington e em Paris, dizendo-lhes que era indispensável fazer êsse desmentido. Hoje posso dizer mais alguma cousa: é que não foi necessário que chegasse a minha comunicação para tomarem a deliberação de fazerem o desmentido.
É possível que haja Ministros que possam ser considerados bonzos que se instalam na sua torre de marfim, mas piores são os bonzos que talham para si próprios as torres.
O Sr. Leote do Rêgo pretendeu convidar-me a fazer um exame à sua vida privada.
Eu não fiz a menor insinuação a êsse respeito e, se S. Ex.ª julgasse que eu desejava fazer um exame à sua vida particular, não me fazia justiça, porque não sou capaz do fazer isso, porque quando eu tiver de atacar qualquer homem público não preciso de modo nenhum fazer escavações na vida particular de ninguém.
Afirmou ainda S. Ex.ª que emquanto eu estiver neste lugar não fará interrogações acêrca da política internacional...
O Sr. Leote do Rêgo (interrompendo): — E que sou tam amigo de V. Ex.ª que o não quero ver mais irritado.
O Orador: — Pode V. Ex.ª fazer a discussão que entender, porque neste lugar como em qualquer outro, só tenho o propósito do cumprir o dever de servir a República e a minha Pátria. Não receio a crítica aos meus actos, mas sim que ela seja feita com lealdade e boa fé; o que não posso é desejar que depreciem os meus actos.
Servindo o País e a República, eu não tenho outra preocupação e fico satisfeito com a minha consciência.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Leote do Rêgo não fez a revisão dos seus «àpartes».
O Sr. Agatão Lança (para explicações): — Quando o ilustre Deputado Sr. Leote do Rêgo falou, fui eu uma das pessoas que apoiaram S. Ex.ª quando se referiu aos Ministros bonzos. Quero, pois, justificar êsses meus apoiados.
Conheço quási todos os nossos representantes no estrangeiro.
Conheço, por exemplo, o caso de o nosso representante em Washington não ter uma bandeira portuguesa.
Estava eu a bordo e tive o desgosto de assistir perfilado no tombadilho ao hino da Carta, porque se desconhecia a Portuguesa, o hino da República.
O consulado é um quarto do hotel, onde habita o nosso representante, e diz que Portugal é tam pequeno que cabe nó seu bolso do colete.
Mas temos mais: durante a guerra, a nação americana, ao mandar soldados para a Europa, procurou reunir todos aqueles indivíduos que estavam ali e que pudessem incorporar-se no exército americano.
Foram alistados para êsse exército indivíduos de quási todos os países do mundo.
Isto poderia ser feito por intermédio de chefes de missão diplomática, únicos que tinham competência para O fazer, porque os cônsules não podiam fazer senão arrancar os cidadãos que tinham de ser arregimentados para servirem a nação americana.
Pois no Estado de Washington e em outros pontos, em Boston e outras cidades foram alistados rapazes de 17 a 20 anos.
Foram pedidas providências e nada se fez; e até, para vergonha nossa, o representante do México conseguiu arrancar todos os mexicanos que tinham sido alistados.
Nós não conseguimos cousa nenhuma.
O nosso Ministro nada conseguiu!
Digo isto para mostrar que não dei os meus apoiados só por uma questão do simpatia pelo Sr. Leote do Rêgo, que é muita, assim como a minha consideração, mas para mostrar que o fiz com conhecimento de causa.
Não é esta a ocasião própria do dizer tudo que vi por êsses países estranhos.
Para outra ocasião será.
Ainda assim, não desejo terminar sem