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Diário da Câmara dos Deputados
dizer que nas minhas viagens encontrei alguns consulados onde não havia cônsul.
Até encontrei alguns que ao entrarem a bordo, faziam a figura que porventura faria um fadista do Bairro Alto, que entrasse, por exemplo, no Palácio da Ajuda.
Uni adjunto, tenente de marinha, conheci que pouco mais fez do que o Ministro que estava lá há muito, há alguns anos.
Os nossos interêsses na América do Norte estão exactamente melhor defendidos na época de verão, isto é, quando o nosso Ministro em Washington vai gozar as delícias do clima em outra terra, ficando a legação entregue ao nosso Ministro do Brasil.
Então, sim; então é que se diz que há Ministro português em Washington, justamente quando êle não está lá, que é a mesma cousa que não estar lá ninguém.
Não se atenderam reclamações que nessa época foram publicadas nos jornais americanos do norte.
Termino por afirmar ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros toda a minha consideração e estima.
Pretendi apenas mostrar que os meus apoiados não representaram um acinte à política do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, mas simplesmente os proferi pelo conhecimento exacto que tenho do assunto, e dos actos dos nossos representantes no estrangeiro, que não prestam ao País o serviço que devem prestar, ou por negligência ou porque se julgam superiores a nós.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Pereira): — Agradeço ao Sr. Agatão Lança, as palavras amáveis que acaba de me dirigir.
Quanto aos factos apontados e presenciados por S. Ex.ª na sua viagem à América, creio que há seis meses, devo dizer que não tenho conhecimento dêsses factos; nem me consta que os Govêrnos meus antecessores tenham tido conhecimento deles, porque não deixariam que êles continuassem da maneira que o Sr. Agatão Lança diz, repetir-se.
Vou procurar saber se realmente o estado da nossa delegação em Washington, que de facto não pode estar bem entregue, porque os nossos diplomatas ganham excessivamente pouco.
É uma verdade que todos têm reconhecido: que por muito boa vontade que os nossos ministros no estrangeiro tenham de prestigiar o País, não o podem fazer, representando Portugal à altura que o prestígio de Portugal exige.
São circunstâncias que não podem de modo nenhum ser aceitáveis.
Tomarei, pois, as providências necessárias, procurando saber o que há.
O Sr. Agatão Lança: — O Ministro de Portugal em Washington desde a proclamação da República ao advento de Sidónio Pais não tez desmentir as referências da imprensa americana às lutas internas do País.
Quando alguns dos nossos cônsules as desmentiram, o Ministro de Portugal em Washington proibiu, o cônsul de o fazer.
O Orador: — Vou procurar saber o que houve ou possa haver sôbre êsses assuntos, e procurarei tomar as providências imediatas.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Agatão Lança não fez a revisão do seu «àparte».
ORDEM DO DIA
O Sr. Presidente: — Vai entrar-se na ordem do dia, continuação da interpelação do Sr. Álvaro de Castro ao Sr. Ministro das Colónias, sôbre a questão de Moçambique.
Antes tem a palavra o Sr. Presidente do Ministério.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva): — Sr. Presidente: o Sr. Ministro das Colónias, que ontem, com grande sacrifício da sua saúde, veio ao Parlamento para assistir ao negócio urgente tratado nesta casa do Congresso pelo ilustre parlamentar Sr. Álvaro de Castro, recolheu a casa, sentindo-se incomodado.