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Diário da Câmara dos Deputados
mas eu desejava que o convite fôsse feito pelo Govêrno Francês.
Nem mais um minuto eu quero roubar à Câmara, à qual peço desculpa do tempo que lhe tomei, versando por vezes assuntos quási meramente pessoais, mas interessantes, porque definiram situações que até aqui não eram porventura bem conhecidas.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Agatão Lança não fez a revisão dos seus «àpartes».
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Leite-Pereira): — Sr. Presidente: o Sr. Leote do Rêgo começou por dizer que tinha pedido ao Ministério dos Negócios Estrangeiros o fornecimento de vários documentos existentes neste Ministério, ou a liberdade de os consultar, e que eu, Ministro, tinha dado ordens para que não fôsse facultado o exame dêsses documentos.
O Sr. Leote do Rêgo acrescentou que tendo pedido, ao mesmo tempo, ao Ministério das Colónias o exame de certos documentos, tinha tido por parte do respectivo Ministro uma explicação, o que se não havia dado comigo.
Está manifestamente em êrro o Sr. Leote do Rêgo. Quando S. Ex.ª me disse uma vez nesta Câmara que ainda não tinha recebido resposta ao requerimento dirigido à Mesa, para que pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros lho fossem fornecidos os documentos em questão, eu tive ocasião de declarar ao ilustre Deputado que ignorava o facto de essa resposta não ter ainda sido dada, e que ia saber das razões dêsse facto. Aqui está uma explicação particularmente dada ao Sr. Leote do Rêgo, que S. Ex.ª com certeza esqueceu.
O Sr. Leote do Rêgo sabe muito bem que eu não tenho razão alguma para tratar S. Ex.ª com menos consideração, porque as provas de consideração que eu tenho dado a S. Ex.ª tem sido tantas que forçosamente não as pôde esquecer todas.
E se eu devo esta consideração particular pelo Sr. Leote do Rêgo. devo ainda aquela consideração, a que não faltei nunca, que é devida a um membro desta Câmara. Basta que um representante da nação peça ao meu Ministério o exame de determinados documentos, para eu fazer tudo quanto em minhas fôrças caiba para que êsses documentos lhe sejam facilitados, desde que, é claro, êles não pertençam ao domínio dos documentos reservados.
O Sr. Leote do Rêgo estranhou ainda que só ontem ou me tivesse lembrado de vir ao Parlamento afirmar que a situação de Portugal, sob o ponto de vista internacional, era honrosa. Se eu não vim mais cedo fazer esta afirmação foi porque julguei que em Portugal, especialmente na sua Câmara dos Deputados, não havia alguém que pudesse legitimamente supor que essa situação era menos honrosa.
O Sr. Leote do Rêgo lamentou, que ontem, no dia em que se comemorava o 14 de Maio, eu viesse a esta Câmara porem confronto o republicanismo de S. Ex.ª com o meu republicanismo.
O dia talvez não fôsse dos mais próprios, mas eu é que não podia deixar de responder ao discurso pronunciado por S. Ex.ª na penúltima sessão desta Câmara.
Se falei no meu republicanismo, não foi para deminuir o de S. Ex.ª; foi apenas para chamar a sua atenção para o meu, ao insinuar que eu havia pôsto em dúvida as vantagens da viagem presidencial de 1917 e ao afirmar-se que se uma tal dúvida era já censurável num monárquico, muito mais o era tratando-se de um republicano.
Sr. Presidente: o jornal americano que publicou a notícia de que Portugal estava em negociações com agentes alemães para a venda da província de Macau, já tem tido demasiadas honras neste Parlamento.
Muitos apoiados.
O Sr. Leote do Rêgo entendeu, porém, referir-se novamente a êsse jornal para, a propósito da informação que dei à Câmara de que havia telegrafado ao nosso Ministro em Washington, a pedir um formal desmentido a uma tal notícia, tirar a conclusão de que êsse desmentido não tinha sido espontaneamente feito por êsse Ministro.
Não é assim.
Embora eu tivesse efectivamente telegrafado nesse sentido aos nossos representantes em Washington e em Paris, visto o boato ter sido reproduzido no L'Homme Libre, eu nesse momento só po-