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Diário da Câmara dos Deputados
Os quadros do exército têm de vir a ser o que eram em 1911.
Àpartes.
O Sr. António Maia (interrompendo): — Os quadros têm de ser reduzidos. Há oficiais milicianos que têm mais direitos a estar nas fileiras que muitos dos activos, que não estiveram na guerra, emquanto que êles estiveram.
Àpartes.
O Orador: — V. Ex.ª tem razão, o tem havido já bastantes protestos para se afastarem das fileiras oficial que foram contrários à guerra.
O Sr. António Maia (interrompendo): — Há no exército oficiais que deram a sua palavra de honra ao inimigo que não combateriam contra êle.
Àpartes.
O Orador: — Eu sei que tudo isso é verdade, e que o melhor indício par verificar o estado do nosso exército é o facto de não podermos esperar dêle nada emquanto não forem modificados os seus alicerces morais.
O espírito militar, Sr. Presidente, é mais alguma cousa do que uma simples organização material: é uma dedicação sem limites nos serviços militares, é a confiança absoluta e completa nos superiores. É esta inteira confiança entre os próprios colegas que faz o espírito militar.
E como se pode chegar a esta situação?
Quando ao lado de todos nós se encontram criaturas que estão prontas a traí-los, é um organismo morto.
É necessário expurgar êsse mal para manter o brilho e á dignidade que antigamente existiam no exército português.
Mas tal não se fez, porque ainda não vi punir oficiais e praças do regimento n.º 33, que estiveram no Parque Eduardo VII com Sidónio Pais para não irem para a guerra.
Eu tive, Sr. Presidente, intenção de mandar para a Mesa um projecto sôbre o assunto; porém, vendo a impossibilidade de o fazer, proferi então algumas palavras para mostrar à Câmara a minha maneira de ver sôbre o assunto.
O Sr. António Maia: — Sabe V. Ex.ª quantos oficiais há que empregaram a sua palavra de honra de que não combateriam contra a Alemanha?
Há 63 oficiais nessas condições, os quais continuam dentro do exército.
Lá fora naturalmente êsses oficiais seriam fuzilados; porém, entre nós, foram submetidos a um conselho de guerra que os absolveu, o que realmente é para admirar.
O Orador: — Não era êsse particularmente o assunto que eu desejava tratar, se bem que isto não represente qualquer cumplicidade com êsses elementos. No emtanto eu direi como dizia o grande Napoleão quando ainda tenente: Si j'ordonnais, si j'ordonnais.
E eu também digo que se eu mandasse... Mas o que eu quero é mostrar à Câmara que esta verba de 23 contos não devia figurar neste orçamento no que diz respeito ao número de oficiais, porquanto a verdade, é que muitos há que estão mal promovidos.
Isto, Sr. Presidente, não se harmoniza nada com a situação do Tesouro, e assim eu creio que não haverá nenhum Deputado que deixe de dar o seu voto a um projecto que tenha por fim reduzir os quadros do exército, pois a verdade é que há oficiais de mais.
O Sr. António Fonseca: — Isto até certo ponto parece que não é assim, pois regimentos, há, como, por exemplo, de cavalaria, que estão sendo comandados por um major, o que dá a perceber que não há coronéis.
O Sr. António Maia: — Há, mas não são de confiança.
O Sr. António Fonseca: — Nesse caso o melhor é tirá-los do exército.
O Orador: — Essa informação não é completa.
Muito ainda havia que dizer.
Porém, como apenas tenho cinco minutos para usar da palavra, eu quero fazer um apelo à Câmara dos Deputados da República, para que vote o meu projecto de lei, mar dando aplicar a organização, do exército de 25 de Maio de 1911.