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Sessão de 30 de Maio de 1923
rés Vedras, de forma a que a ordem e o respeito à lei sejam mantidos em Dois Portos.
Devo, no emtanto, dizer a S. Ex.ª que tenho informações de que as autoridades administrativas de Tôrres Vedras são coniventes no caso e exercem violências de toda a ordem contra quem não é republicano.
Desejo também, Sr. Presidente, chamar a atenção do Govêrno para o seguinte.
Dizem os entendidos que o actual ano agrícola se afigura muito prometedor.
Todos devemos regozijar-nos por êste facto; e, realmente, é digna de estranheza a circunstância de estar anunciado que o actual ano agrícola é excepcional, e que vamos ter trigo para nove meses, e, apesar disso, a divisa cambial mantém-se quási estacionária, sem nenhuma tendência para melhoria!
Apoiados.
E certo que nos últimos dias tem havido algum afrouxamento nos câmbios. Mas êste afrouxamento não tem sido regular e não se mantém. Até as suas oscilações provam que a atmosfera de desconfiança continua. E preciso que, se se vier a dar melhoria dos câmbios, não se atribua essa melhoria ao elixir do empréstimo rácico. Não tenhamos ilusões. Se se acentuar essa melhoria cambial, ela há-de ser consequência especialmente do bom ano agrícola que se anuncia.
Mas vamos ao caso.
Consta-me que o Govêrno deu ordens às autoridades administrativas para não concederem salvos-condutos aos trabalhadores que desejam ir para Espanha. Parece-me que esta medida é indispensável, especialmente por motivo de aproximação da época das ceifas. Mas não me parece suficiente.
Apoiados.
O Govêrno não deve ignorar que a principal drenagem de trabalhadores agrícolas para Espanha é feita clandestinamente.
Não é, pois, suficiente a ordem dada pelo Govêrno às autoridades administrativas para que não dêem salvos-condutos aos trabalhadores agrícolas que queiram ir para Espanha. É necessário que na fronteira se tomem as necessárias medidas de fiscalização, as mais rigorosas possíveis, para se evitar que nesta época do ano, em que vai ser grande a carência de trabalhadores no nosso país, êstes emigrem.
A iminente crise de falta de braços provocará, além dos inconvenientes de se não poderem fazer as ceifas no tempo devido, a alta dos salários e, portanto, o encarecimento dos géneros.
Apoiados.
A emigração para os Estados Unidos da América do Norte e para o Brasil, apesar das dificuldades levantadas nestes países, continua a acentuar-se cada vez mais.
Basta ver o que se passou em relação aos anos de 1908 a 1919.
O Sr. Presidente: — Faltam cinco minutos para V. Ex.ª terminar o seu discurso.
O Orador: — Peço mais alguns minutos para poder terminar as minhas considerações.
Foi concedido.
O Orador: — As estatísticas demográficas no período decorrido de 1908 a 1919 dizem o seguinte:
Leu.
A emigração, apesar da guerra, apesar das dificuldades levantadas nos Estados Unidos da América do Norte e no Brasil, e pondo de lado a emigração clandestina, que é importantíssima, foi de 477:068 cidadãos!
Se confrontarmos os dados relativos à emigração com os dos nascimentos e óbitos, chegamos a conclusões verdadeiramente alarmantes.
O censo da população em 1910 acusava 542:220 óbitos numa população de 5. 960:000 habitantes.
Houve, portanto, durante 10 anos um aumento na população de 576:936 habitantes.
De 1911 a 1920, segundo dados já apurados pela repartição do censo, o aumento da população foi apenas de 70:000 habitantes, ao passo que de 1900 a Í910 tinha sido de 536:000 habitantes.
Em 1920 a população era de cêrca de 6. 000:000 de habitantes.
Durante o período da guerra, apesar dos perigos, apesar da falta de transpor-