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Diário da Câmara dos Deputados
tes, a emigração legal foi em 1917 de 17:672 indivíduos e em 1918 de 15:679. A emigração em 1912 tinha sido de 88:920 indivíduos.
A emigração de portugueses para Espanha, durante ò período das colheitas, é digna da atenção da parte do Govêrno, o mesmo sucede quanto ao êxodo para o Brasil e América do Norte.
Se é certo que os emigrantes portugueses trazem para o País o ouro que é produto do seu trabalho lá fora e essa circunstância actualmente pode influir na nossa situação financeira, é certo também que, dada a carestia de braços cada vez mais acentuada no nosso País, especialmente na época das colheitas, o benefício resultante do ouro trazido pelos emigrantes é destruído completamente pela falta de braços e consequente alta de salários e aumento no custo da vida.
Apoiados.
Desde que o Govêrno esteja pronto a encarar de frente o gravo problema do custo da vida, deve providenciar urgentemente, acêrca da emigração para o estrangeiro.
Apoiados.
Não basta, portanto, que o Sr. Presidente do Ministério tenha dado instruções às autoridades administrativas para não concederem salvos-condutos aos trabalhadores que queiram ir para Espanha.
É preciso, repito, que na raia a fiscalização seja intensa e rigorosa, de modo a evitar que os emigrantes passem clandestinamente.
A maior parte dos trabalhadores que emigram para Espanha não pedem salvos-condutos e nem por isso deixam de passar.
O Sr. Leote do Rêgo: — Não é só para Espanha que se faz a emigração. Em França estão para cima de trinta mil trabalhadores.
O Orador: — É verdade. A emigração para França também é importante, é muitos trabalhadores que para lá têm ido não encontram trabalho nem protecção. Julgam que encontram a árvore das patacas!
Apoiados.
Sr. Presidente: há um mal que é preciso cortar pela raiz: são os agentes de emigração que pululam por êsse País fora.
Muitos apoiados.
Há localidades no Norte onde não se encontra senão velhos e crianças e estas mesmo em pequena quantidade, pois já emigram famílias inteiras, levadas pela propaganda perigosa e falsa dos agentes de emigração.
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª já ocupou os cinco minutos que pediu.
O Orador: — Eu vou terminar. Parece-me que o assunto é interessante e merece providências imediatas da parte do Govêrno.
É natural que o trabalhador desde o momento em que, devido ao câmbio, lhe é oferecido o triplo do salário, tente ir para Espanha.
Mas ao Govêrno compete adoptar medidas de defesa dos interêsses gerais.
Tenho dito.
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva): — O ilustre Deputado Sr. Cancela de Abreu referiu-se a variadíssimos assuntos e dos mais complexos.
Em primeiro lugar referiu-se a uma notícia dum jornal cujo nome não citou...
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Vem publicado no Dia, mas foi transcrito dum jornal, que não é monárquico e teve informação oficial do gabinete dos reporte rs.
O Orador: — Ainda bem que V. Ex.ª diz que essa informação veio do gabinete dos reporters com carácter oficial.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Eu disse oficial, no sentido de ser verdadeira a notícia.
O Orador: — Eu não conheço, nem por a ter lido nos jornais, semelhante notícia; mas vou informar-me e trarei à Câmara o que houver a tal respeito.
Relativamente ao caso de Dois Portos eu vou mandar fazer um inquérito para serem tomadas as responsabilidades a quem as tiver.
S. Ex.ª referiu-se também às medidas que o Govêrno tem de tomar para evitar