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Sessão de 10 de Julho de 1923
que alguma cousa, porventura, tinha feito de bom, porque, se assim não fora, não. se demoraria no Poder dezoito meses ou perto disso.
Ocorre-me preguntar muito naturalmente: porque é que S. Ex.ª está no Poder há tanto tempo?
A resposta é bem simples: é que a oposição, sempre no propósito de bem servir o País, sabe por vezes sacrificar a sua razão, porque de todos os males o menor, e a verdade é que de todos os Govêrnos saídos do Partido Democrático os chefiados pelo Sr. António Maria da Silva têm sido os menos péssimos.
Mas a paciência esgota-se e neste momento ela não é consentânea com os altos interêsses nacionais.
O Sr. Presidente do Ministério, segando a orientação das altíssimas mentalidades que na imprensa se pronunciaram contra os velhos princípios da economia, entendeu que por um decreto de tabelamento resolvia a questão económica e passaríamos a ter a vida mais barata.
Fez, portanto, uma marcha à frente.
A breve trecho, porém, resultou a morte de semelhante medida.
Uma altíssima mentalidade lembrou-se de denunciar ao juiz síndico o caso que se passava num café de Lisboa, de se vender a água de Vidago por mais alguns centavos.
Êsse juiz síndico, muito disfarçadamente, foi a êsse café, pediu uma garrafa de água de Vidago, e enviou o caso para o tribunal, que fechou as portas dêsse estabelecimento.
Foi tam insensata e ridícula esta ordem, que a breve trecho foi revogada, caindo sôbre ela um silêncio absoluto. Nesta altura o Sr. Presidente do Ministério fez marcha atrás,
Com respeito a câmbios, o Sr. Portugal Durão primeiro e depois o Sr. Vitorino Guimarães, actual Ministro das Finanças, referiram se por mais de uma vez às últimas conferências económicas realizadas por essa Europa fora para entreter os vários homens de Estado e chegaram à conclusão de que, sôbre câmbios, quanto mais lhe mexem pior.
Pois o Govêrno começou a fazer devassar várias casas bancárias, terminando sempre com estas palavras: «Fechada a porta por praticar irregularidades e outras transacções prejudiciais à economia do País».
Ora toda a gente sabe o que isto importa para o crédito duma casa, que fica condenada para sempre.
Depois, passado um certo tempo, lá foi concedida licença a essas casas para reabrirem, alegando-se que não havia irregularidades como se supunha, mas simples cousas pequeninas, que não faziam mal a ninguém.
Mas estas medidas, ainda que ridículas, poderiam porventura dar um pouco de razão ao Govêrno e os seus resultados tivessem sido favoráveis ao nosso câmbio.
A verdade, porém, é que logo que o Sr. Portugal Durão aqui falou em libras, estas subiram a tal preço que era preciso quási uma fortuna para adquirir alguma.
O Sr. Vitorino Guimarães também nos anuncia constantemente que o câmbio vai melhorar, mas, devido a factores com que o Govêrno não conta, a situação cada vez é mais tenebrosa.
Quero eu, porventura, dizer que os homens que ocupam as cadeiras do Poder são uns insuficientes?
Não, Sr. Presidente. Prezo-me de fazer justiça aos outros.
A sua obra é que é insuficiente, porque, não dependendo apenas do seu critério, é resultante dos impulsos de quantas altíssimas mentalidades esgaravatam nos jornais e que nos cafés se permitem dizer verdadeiras baboseiras, permita-se-me o termo.
Com respeito a exportação, tive o cuidado de ouvir ler a proposta do então Ministro do Comércio, Sr. Lima Basto, e com toda a franqueza aconselhei S. Ex.ª a que não a apresentasse.
Disse a S. Ex.ª que era melhor êle consultar as entidades que pràticamente lhe poderiam dar preciosas indicações acêrca dêsse assunto.
Pois S. Ex.ª, dentro de quatro dias, limitando-se à sua alta sabedoria, apresentou uma outra proposta muito pior do que a primeira, e tam má ela era que eu levei aqui três dias a combatê-la. Daí a pouco tempo o Sr. Lima Basto pô-la de parte para a substituir por outra.
Mais uma vez se demonstrou que eu tinha razão.