O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6
Diário da Câmara dos Deputados
crime, pelo que me vi obrigado a demiti-la imediatamente como era do meu dever.
O que é um facto é que eu, antes de a demitir, entreguei o assunto a um advogado, e em face de um parecer da Procuradoria Geral da República é que procedi contra ela.
Demiti essa enfermeira em vista do parecer da Procuradoria Geral da República, e contrariamente à opinião do Sr. João Luís Ricardo, devendo o lugar ser ocupado pela substituta Maria do Carmo Lopes.
Moveram-se vários empenhes para que tal se não fizesse, tendo-se por fim chegado ao ponto de o director dizer que não a nomeava em virtude de razões de ordem moral.
O director do Banco procedeu até certa altura, dentro das normais legais, mas chegou depois a um ponto em que S. Ex.ª parecia dono da casa. Admitia ou recusava doentes conforme entendia e queria. Podia citar testemunhas, como, por exemplo, o Sr. Dr. Arruda Furtado.
Não nego ao Sr. Azevedo Gomes as suas faculdades profissionais, mas nego a sua competência como administrador.
Encontrei na minha presença um homem que era chefe, fiel da lavandaria, e êsse homem tem um desfalque nos hospitais de 11:000 lençóis e 4:000 camisas.
Foi castigado pelo conselho apenas em 10 dias de suspensão!
Êste facto sabe-o o Sr. Dr. João Luís Ricardo. Pus sôbre a questão a minha pasta, e disse não querer ser mais director dos hospitais.
É lamentável que o caso dentro dos hospitais, Sr. Ministro do Trabalho...
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª tem 5 minutos para terminar as suas considerações.
Se quiser, fica com a palavra reservada,
O Orador: — Terminarei hoje.
Em dez minutos termino.
Não tenho o propósito de agravar o Ministro, se bem que seja intransigentemente contra a política de S. Ex.ª
Tenho, porém, o desejo de elucidar os Srs. Carlos Pereira e Vasco Borges.
O Sr. Ministro do Trabalho, que era o Sr. Vasco Borges, disse que se pudesse,
e felizmente não podia, repunha o Sr. Azevedo Gomes no seu lugar.
V. Ex.ªs sabem que tenho as minhas mãos lavadas. Só ganho dinheiro lavando as mãos; e acabando de as lavar calço luvas.
Não conheço os homens.
Tinha mais a dizer, mas...ficarei com a palavra reservada.
Vozes: — Fale, fale.
O Orador: — Agradeço a V. Ex.ª Sr. Presidente, e à Câmara a gentileza de me permitirem terminar as rainhas considerações. Não ó, evidentemente, no curto espaço de 10 minutos de que disponho para usar da palavra, que eu poderei apontar e comentar a série de factos irregulares e criminosos que se têm cometido adentro dos serviços hospitalares de Lisboa, tantos e tam graves êles são. Limito-me, porisso, a louvar a atitude do ilustre Deputado Sr. Carlos Pereira levantando a questão nesta casa do Parlamento e a pedir ao Govêrno a sua enérgica e urgente intervenção no assunto, do forma a pôr termo a todos os escândalos, dos quais cito dois à Câmara para que ela veja quão justificados são os brados daqueles que de há muito vêm reclamando providências.
O ecónomo dum determinado hospital tem recebido dinheiro à ordem dos bancos para auxílio dêsse mesmo hospital. Pois êsse indivíduo, que ganha 800 escudos mensais, sem nada fazer porque toda a sua actividade a emprega nos seus afazeres pessoais e na administração duma casa particular, desvia os dinheiros que estão à sua guarda para os empregar em seu proveito.
Noutro hospital existe uma enfermeira que, tendo cometido um roubo, foi demitida para mais tarde, por protecção dum determinado médico, ser readmitida por um Ministro meu correligionário com a indemnização de 10 ou 12 contos.
Êstes dois casos não são mais do que uma simples amostra do que vai pelos hospitais de, Lisboa. Muito haveria ainda, que dizer, mas os 10 minutos vão quási passados e ou não desejo abusar da concessão que a Mesa me fez, e, por isso tenho dito.
O orador não reviu.
É aprovada a acta.