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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Sá Pereira: — Sr. Presidente: pedi a palavra para quando estivesse presente o Sr. Ministro do Trabalho, porque recebi há dias uma carta em que se me queixam amargamente de que S. Ex.ª, na última visita que fez à cidade da Guarda, se tivesse prestado a secretariar o Bispo da mesma diocese, com desprestígio completo e absoluto da supramacia do poder civil.
Eu não estava naquela cidade, não sabendo, portanto, como o caso se passou, e por isso peço ao Sr. Ministro do Trabalho que me informe se o caso é verdadeiro. Só assim fôr, eu desde já formulo perante V. Ex.ª, Sr. Presidente, e a Câmara, o meu mais veemente protesto.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Ministro do Trabalho (Rocha Saraiva): — Sr. Presidente: pedi a palavra para dizer ao Sr. Sá Pereira que de facto assisti ao descerramento, na Guarda, do busto erigido em homenagem à memória do Dr. Lopo de Carvalho, mas não porque tivesse sido convidado para essa cerimónia.
Fui à cidade da Guarda, como natural daquele distrito, assistir à inauguração do congresso distrital, e porque se deu a circunstância de naquele mesmo dia se prestar homenagem àquele médico notável, eu associei-me com muito prazer a essa homenagem.
É claro que havia um estrado onde estavam cadeiras e onde se sentaram as pessoas mais categorizadas daquela cidade, e numa delas encontrava-se o Sr. Bispo da Guarda, tendo-me eu sentado em outra cadeira.
Não sei se havia presidência, mas o que é verdade é que nunca tive a impressão de que estava a secretariar o Sr. Bispo.
O Sr. Vasco Borges (em àparte): — Nem sequer havia Mesa.
O Orador: — Sr. Presidente: pelo facto de ter assistido a essa festa, fiquei convencido de que em nada tinha ficado desprestigiado o Poder Executivo, nem a supremacia do Poder Civil.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Sá Pereira (para explicações): — Sr. Presidente: desejo agradecer ao Sr. Ministro do Trabalho as explicações que se dignou dar-me, e dizer a S. Ex.ª que foi com inteira satisfação que ouvi a afirmação de que não só havia prestado ao degradante papel de secretariar um Bispo, desprestigiando o Poder Civil em beneficio da religião.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Velhinho Correia: — Sr. Presidente: pedi a palavra para responder a várias observações que por mais de uma vez me têm sido dirigidas nesta Câmara, designadamente no último debate político e nos discursos ontem produzidos a propósito da prorrogação da sessão legislativa.
Não ignora V. Ex.ª, Sr. Presidente, e a Câmara não ignora, que eu tomei naturalmente perante e Pais uma responsabilidade grande, que foi a de defender nesta Câmara a proposta do empréstimo.
Fi-lo absolutamente convencido de que prestava um serviço ao País e à República.
Não ocultei perante o País e o Parlamento a verdade da situação, não ocultei a situação tal qual ela era e se apresentava com a aprovação da proposta do empréstimo.
Disse que a aprovação dessa medida financeira não podia ser, de uma maneira isolada, bastante para resolver as dificuldades.
Disse e repito que a aprovação dessa medida não seria bastante por si somente.
Escrevi isto no relatório que precede o parecer, que foi largamente discutido.
Não disse que essa lei por si seria suficiente para melhorar as nossas condições de vida, para fazer voltar o câmbio à situação de melhoria que houve anteriormente.
Nem disse que da aprovação e aplicação dessa medida resultaria só por si um grande beneficio para o País.
Só por estreito espírito de política partidária se podia aqui afirmar que eu, tendo defendido, como defendi, o parecer do empréstimo, dissesse e assegurasse, que da aplicação dessa medida resultaria só por si uma solução.