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Sessão de 26 de Outubro de 1923
Quem disse que á República estava a saque, não fui eu.
Quem apresentou essa frase foi S>,Ex. a, frase tremenda que circulou em todos os jornais.
Àpartes.
Ninguém me pode atribuir nenhuma frase, nenhum gesto que signifique desprestígio para a República.
Apoiados.
Àpartes.
Falo como entendo que devo falar, mas sempre correctamente, sem procurar ofender ninguém, mas não deixando que me ofendam.
Coloco sempre u dignidade do Parlamento acima da minha própria dignidade.
Mo é o Sr. Presidente do Ministério, cujo passado todos conhecemos e a quem presto a justa homenagem como republicano, que tem direito de vir dizer que eu nesta Câmara e com as minhas palavras perturbo a República.
Apoiados.
Não pertenço hoje ao partido de S. Ex.ª por circunstâncias que não quero agora citar, mas nunca pretendi lutar contra êsse partido com armas iguais àquelas com que lutavam contra mim.
Ofereciam-se-me essas armas, mas consideraria essa luta indigna da República, e nunca proferi senão palavras de concórdia.
A frente única da República é obra minha.
Foram todos os partidos da República que concorreram para a frente única da República, mas foram os meus esfôrços, conselhos, e desinteresse que a realizaram.
Àpartes.
É preciso não esquecer que, quando foi da distribuïção que se chamou o bodo eleitoral, eu segui êsse programa.
Àpartes.
Ao meu Partido deu o Partido Democrático a sua absoluta maioria.
Àpartes.
Onde estavam, pois, os nossos propósitos de absorpção?
Lutei sempre pela República com o maior desinteresse, e isso faz o meu orgulho e satisfaz a minha vaidade.
Não tenho da República cousa nenhuma, e tudo que tenho é devido ao meu esfôrço, e a minha posição vem-me de concurso feito no tempo na monarquia.
Não tenho prebendas, mas orgulho-me do que tenho, porque é a minha grã-cruz.
A obra do Ministério funda-se toda na sua estabilidade.
O Partido Nacionalista colaborou com a maioria durante um grande período da vida dêste Govêrno.
Pô-lo com sinceridade, e uma grande parte das leis que foram aprovadas têm a intervenção directa de elementos do Partido a que tenho a honra de pertencer; por exemplo, as propostas de finanças, que foram largamente acompanhadas na discussão pelo Sr. Ferreira da Rocha.
Mas como podia o Partido Nacionalista continuar a acompanhar uma situação em que os seus correligionários republicanos foram escorraçados das urnas com a cumplicidade das autoridades da confiança do Govêrno?
Isto não se deu apenas numa assemblea, mas em muitas: no Funchal, em Vila Real, em Oliveira de Azeméis, etc.
Para o caso ser rubro até houve sangue dos republicanos, que na bôca da urna defenderam os seus direitos.
Como podia o Partido Nacionalista acompanhar um Govêrno que faz das liberdades públicas um capacho?
Esta atitude foi-lhe nitidamente ratificada!
Além disso o Parlamento já tinha dado ao Govêrno determinadas medidas de carácter financeiro, que eram meios de vida, e que o Govêrno transformou em meios de morte para a República.
Então o Govêrno vai caminhando para uma derrocada certa e a minoria não deve negar-lhe todo o seu apoio?!
A toda a hora se demonstra que é caótica a administração do Govêrno e, portanto, a minoria nacionalista não pode continuar a dar-lhe o seu apoio.
Sr. Presidente: repito o que já tenho dito: nunca fui contrário a recomposições ministeriais, quando elas traduzam maior prestígio para o Govêrno e maior eficiência do Poder, mas jamais as poderei aplaudir, nem as aplaude o Partido Nacionalista, quando venham produzir uma maior incapacidade governativa e consequentemente o desprestígio do Poder.