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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Rodrigues Gaspar: — Agradeço muito penhorado a resposta dada pelo Sr. Ministro das Colónias e começo por prestar algumas informações a S. Ex.ª
Não costumo fazer interpelações sem mandar aviso prévio.
Não formulei uma, interpelação sôbre qualquer assunto de modo que fôsse necessário ao Sr. Ministro compulsar sequer documentos. S. Ex.ª trazia bem na mente qualquer acto que tivesse cometido e isso bastaria, como resposta, à minha pregunta.
Era o que havia acêrca de uma nomeação e S. Ex.ª ou podia resumir e dizer: não está ninguém nomeado ou vou nomear alguém.
É o que fez S. Ex.ª, de uma maneira muito detalhada; e que não foi apanhado de surpresa prova-o a circunstância de S. Ex.ª já vir munido de documentos.
V. Ex.ª viu, não houve aqui qualquer pregunta de algibeira, ou para tirar qualquer efeito do que S. Ex.ª disse.
Devo desde já declarar não ter o menor fundamento a suspeita dó que o meu pedido de palavra para tratar dêste e de outro assunto que vou referir linha por fim enviar qualquer seta quer contra S. Ex.ª o Ministro das Colónias, quer contra o Govêrno.
É preciso que as questões se esclareçam e precisamente porque ainda desejo ver claramente.
Eu é que formulei a pregunta, esperando pela resposta respectiva, a que vou responder, se a minha voz permitir que a resposta se possa fazer ouvir da Câmara, para cuja benevolência apelo, em virtude do meu estado de saúde.
Explicarei que, se pedi a palavra hoje, é porque, visado ontem no Senado, só posso defender-me nesta casa.
O Sr. Ministro das Colónias (Vicente Ferreira): — Não fiz no Senado amais ligeira alusão a êste facto.
O Orador: — Mas a respeito de outro despacho, de que vou ocupar-me, devo dizer à Câmara que sempre nutri pelo ilustre Ministro das Colónias a máxima consideração, derivada não de relações que me não honro de ter com S. Ex.ª mas porque aqui na Câmara tive oculto de ver que, quando tratava de qualquer assunto, era de uma forma muito concreta.
Eu com todo ò prazer entreguei a pasta, fazendo os cumprimentos que é costume fazer, mas que eu fiz não pró forma, porque não costumo dar-mo a essas jesuitadas, mas fi-lo porque o senti, pela muita consideração que tenho por S. Ex.ª, e disse o que sentia.
Depois S. Ex.ª pediu-me para que eu marcasse um dia pura o pôr a par do que se passava no Ministério. Eu respondi que estava sempre ao dispor de S. Ex.ª para lho dar os esclarecimentos que me pedisse. Mais tarde, encontrando S. Ex.ª na rua do Ouro, eu disse a S. Ex.ª que no dia 16 estava ao dispor de S. Ex.ª, mas S. Ex.ª acrescentou que nesse dia não podia ser por ter Conselho de Ministros.
Como a Câmara vê, não houve entre nós senão relações de mútua consideração.
Se havia dúvida sôbre qualquer ponto, era natural que, pelo correio, pelo telégrafo, por qualquer meio usado, se viessem pedir explicações, mas nunca apresentar o caso como S. Ex.ª o apresentou sob o aspecto de escândalo. Não se fazia isso se houvesse a mínima consideração pelo Ministro antecessor.
Apoiados.
Não apoiados.
Nem ao menos houve consideração pelo Chefe do Estado.
Apoiados.
Não apoiados.
Àpartes.
O Sr. Carvalho da Silva: — Se houvesse respeito pela Constituïção, nem isso se teria feito.
O Orador: — V. Ex.ª respeita muito a Constituïção.
Risos.
Não há nada como pôr as cousas como elas só passaram, e eu gosto sempre de tudo claro.
Vamos aos factos: deu-se uma vaga na administração da Companhia de Moçambique aí por meados de Outubro.
Seria irrisório que eu, para nomear um administrador por parte do Govêrno, levasse até ao dia 16 Para quem pensar bem e já tenha sido Ministro, sabe como estas cousas se passam.