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22 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Cunha Leal: — Ao pé de uma seara nasceu uma espiga.

Risos.

O Orador: — Quando se encontra um Govêrno constituído nestas condições, tenho a certeza de que a êsse Govêrno não falta nenhum daqueles elementos políticos que são necessários para levar por diante uma obra conducente à vitalidade do país.

Àpartes.

Quando, na verdade, as cousas sito em excesso é caso para desconfiar da abundância.

Não vejo realmente nada neste momento para que o Govêrno não enverede pelo caminho de levar por diante a obra que se propõe realizar.

Posto isto, e porque a minha amizade não me cega por ninguém, e as minhas relações pessoais para com S. Exa. são de natureza que muito prezo e considero, devo dizer que folgo com a constituição do Ministério, lamentando, todavia, que o Govêrno presidido pelo meu querido amigo Sr. Ginestal Machado não pudesse conservar-se nas cadeiras do Poder por mais tempo.

Se o Govêrno do Sr. Ginestal Machado não se conservou por mais tempo nas cadeiras do Poder não foi porque lho faltassem elementos de competência e de inteligência para levar a cabo uma obra útil e eficaz. Que a responsabilidade da queda dêsse Ministério vá a quem de direito.

Apartes.

É do lamentar que, na verdade, as cousas da política enveredem por tal caminho e que seja eternamente o País, que não é exclusivamente pertença do Partido Democrático, nem do Partido Nacionalista, nem de qualquer grupo independente, nem do partido monárquico, é de lamentar, repito, que seja o País quem sofre as conseqüências tremendas da situação dolorosa que atravessamos. Esta é que é a verdade, e a verdade nua, que tem de se dizer.

Ao Sr. Álvaro de Castro, sobraçando a pasta das Finanças, tomando a responsabilidade de exercer o Govêrno nas condições que não me permito sequer discutir, porque são assuntos de política partidária em que não quero entrar, como cidadão e como Deputado independente, não posso deixar de desejar que S. Exa. consiga realizar uma obra útil e indispensável.

Chamou o Sr. Álvaro de Castro para seus colaboradores alguns homens que a Câmara conhece de perto e que têm condições para produzir uma obra útil e eficaz.

De entre êsses homens eu saliento o Sr. Domingos Pereira, ilustre Ministro dos Negócios Estrangeiros, que lamento não ver presente.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros está doente, e é êsse o motivo por que não veio à Câmara.

O Orador: — Agradeço a informação de V. Exa.

A Câmara toda tem pelo Sr. Domingos Pereira uma grande admiração, no que é acompanhada pelo País inteiro.

Apoiados.

S. Exa., na sua qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros, encontra um importante problema a resolver. Neste momento continua ainda de pó a ruptura das relações comercieis entre a França e Portugal, questão que é preciso encarar com serenidade, sem caprichos de qualquer natureza, dada a enorme soma de inconvenientes que desta situação resultam para a economia nacional.

Porque eu conheço o Sr. Domingos Pereira, tenho a absoluta convicção do que S. Exa., com o seu patriotismo, procurará solucionar êste assunto nas melhores condições. Mas é preciso que o Sr. Presidente do Ministério chame a atenção de S. Exa. para o facto de não ser apenas a exportação dos nossos vinhos comuns em França que interessa ao País, mas também a exportação de muitos outros produtos de altíssima importância para a nossa economia, como as conservas, etc.

E já que falei no Ministério dos Negócios Estrangeiros, é preciso que por essa pasta nós prestigiemos as instituições, que devem, sob o ponto do vista nacional, prestar lá fora um interessante serviço ao país.

E também necessário, todavia, que do uma vez para sempre se acabe com os