O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10 Diário da Câmara dos Deputados

Esta era a nota própria dum homem que confiava nessa idea, na hora em que o mundo, por influência da materialidade e fôrça do dinheiro, só isso quere atingir.

Foi essa idea que Teófilo Braga se propunha servir e honrar, e por isso eu termino como comecei, dizendo que é com sinceridade que, como patriota, me associo ao voto de sentimento proposto à Câmara.

Tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Hermano de Medeiros: — Sr. Presidente: foi com profunda comoção que tive conhecimento da morte de Teófilo Braga.

Não quero agora apreciar a personalidade de Teófilo Braga pelos seus aspectos de filósofo, literato, professor, poeta e político, porque nesta Câmara já se disseram aquelas palavras de justiça que deviam ser ditas a respeito de Teófilo Braga.

Eu quero apenas significar o profundo pesar que me vai na alma pela morte de um conterrâneo, pois Teófilo Braga nasceu no mesmo pequenino torrão em que eu nasci.

Teófilo Braga era da ilha de S. Miguel.

Já falaram os representantes, aqui, daquela ilha, e eu podia calar o que sinto, visto que já tinham, em nome dos povos da minha terra, sido pronunciadas aquelas palavras que deviam ser ditas por quem de direito. Todavia perdoe-me V. Exa. que no mesmo sentimento que me levou a usar da palavra, eu diga quanto de satisfação, quanto de orgulho eu sinto como ilhéu por ver que a figura gloriosa dêsse velho de 80 anos pertencia à minha formosa e encantadora ilha de S. Miguel.

Quando no dia 7 de Outubro de 1910, regressando do Rio de Janeiro a Portugal, tive conhecimento da revolução e que chefiava o primeiro Govêrno da República o grande homem que se chamou Teófilo Braga, experimentei uma infinita satisfação.

Êsse homem era alguém, e assim, comovidamente, eu sinto o seu passamento

e curvo-me reverente ante o corpo inanimado de Teófilo Braga, para quem vai a minha grande saudade.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Pina de Morais: — Uso da palavra para me associar ao voto de sentimento que vai ser lavrado na acta desta sessão pelo passamento do grande português que se chamou Teófilo Braga.

A República deve prestar à memória dêsse grande vulto as maiores consagrações que lhe sejam permitidas.

A República deve reparar em que o corpo das nacionalidades é feito exactamente por aqueles que ampliam o seu território, o defendem dos seus inimigos ou nele guardam, com amoroso, cuidado, tudo quanto a raça produziu. Teófilo Braga teve êsse condão. Indiscutivelmente a sua grande obra como homem foi a história da literatura portuguesa.

Foi êle o primeiro dos pensadores que orientou o mostrou as fontes de estudo e lugares selectos de conhecimentos à geração actual.

A sua história de literatura é um campo virgem, onde se encontra qualquer cousa que não pode deixar de ser considerada como grande.

Um homem como Teófilo Braga é de uma envergadura tal que não é num discurso banal que se pode expressar o seu merecimento como poeta, como polemista, como historiador e como político.

Como político, a sua acção teve uma das maiores glórias, concorrendo para a implantação do novo regime.

Como historiador, é bem notável a sua obra.

Como professor, há-de ser considerado por dezenas de gerações pelas suas palavras de ensino e sobretudo pelo método.

Há ainda a considerar Teófilo Braga como homem pela modéstia do seu viver.

Teófilo Braga conservou sempre correcta a sua personalidade.

Entendo, pois, que o Govêrno da República deve conceder a Teófilo Braga todas as homenagens possíveis.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, nestes termos, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.