O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4 Diário da Câmara dos Deputados

justificado culto do preferência à vida do espírito sôbre a fôrça bruta; é um devido reconhecimento da hegemonia da civilização moral sôbre a civilização material; é a revelação das reservas de idealismo que ainda se guardam e crepitam na velha alma portuguesa.

Nesse voto vai imenso de consideração por nós mesmos. É que a igreja, por mais que se queira pensar o contrário, é alguma cousa de Portugal. Na sua constituição e essência entram a maior parte dos nossos concidadãos; e, por mim, devo dizer que um dos meus maiores desvanecimentos é ser filho dessa alma-mater de todos os tempos e de todos os lugares.

Muitos dos mártires da igreja são mártires portugueses; muitos dos seus santos são santos nossos; muitos dos que traduzem o seu pensamento e acção são homens da nossa teria.

E, se observarmos com mais cuidado, iremos até ao ponto de ver que a igreja é um dos mais fortes apoios de expansão e segurança da nossa soberania nacional. O Padroado do Oriente, por exemplo, é a limitação pela igreja da soberania de outros Estados em favor de Portugal.

Além disto, forçoso é reconhecer, outrossim, que o predomínio da Latinidade sôbre o mundo se exerce na sua maior parte pela igreja; e nós somos, fundamentalmente, um povo latino.

Justificadíssima é, pois, a proposta que acabo de apresentar à Câmara.

Honrar o Sumo Pontífice Romano é levantarmo-nos a nós mesmos, porque êle é também a expressão da vontade de quási seis milhões de portugueses. Honrar a Santa Sé é servir a própria Pátria, porque é dignificar a Fé, de onde partiu o fogo que iluminou toda a nossa história o põe ainda claridades nos nossos horizontes. Honrar a igreja, em suma, é glorificar â civilização universal, porque contudo o que há de grande na humanidade, diga-se o que se disser, nasceu e amparou-se com a igreja; com a igreja, sim, fonte de belezas sem fim, de vida sem termo, e de glórias sem mancha; com a igreja, sim, ponto de cruzamento das rotas de todos os astros que de algum modo tem lançado luz em almas; com a igreja, sim, única bóia atirada do Infinito para segurar o homem a caminho da Eternidade!

O Sr. Carlos Olavo: — Em nome do Grupo de Acção Republicana, associo-me
ao voto que acaba de ser proposto pelo Sr. Lino Neto, leader da minoria católica.

Sr. Presidente: a República é um regime de tolerância e fraternidade. E portanto, admitindo todas as crenças, não pode esquecer que a maioria dos portugueses é católica.

Apoiados.

Não posso esquecer que o Sumo Pontífice em todas as comunicações que tem feito recomenda o máximo respeito o acatamento pela República.

Apoiados.

Por estas razões associo-me ao voto proposto pelo Sr. Lino Neto.

O orador não reviu.

O Sr. Aires de Ornelas: — É com todasas veras da minha alma que me associo ao voto proposto pelo Sr. Lino Neto.

Tom para nós, monárquicos, a igreja católica um significado especial, pois todos nós, monárquicos, professamos essa religião.

A igreja católica é uma fôrça moral que muito tem valido nesta descalabro social.

Por todas estas razões, repito, associo-me gostosamente ao voto proposto pelo Sr. Lino Neto.

O orador não reviu.

O Sr. Ginestal Machado: — Sr. Presidente: associo-me ao voto de congratulação que acaba do ser apresentado.

O Partido Nacionalista, aqui representado, vota a proposta feita pelo ilustre leader católico e meu prosado amigo Sr. Lino Neto; o a Câmara, votando a proposta do Sr. Lino Neto, cumpre um dever de alta cortesia.

Como V. Exa. sabe, a República tem um seu representante junto do Vaticano.

Junto da República Portuguesa está um representante do Sumo Pontífice.

Cumprimos um dever de alta cortesia internacional; e julgo eu que a Câmara cumpre também um dever de cortesia nacional.

O número de católicos em Portugal, diga-se o que se quiser, é ainda a grande maioria da Nação; e esta Câmara é uma Câmara da Nação, onde devem estar, representadas todas as correntes de opinião-