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6 Diário da Câmara dos Deputados

monárquicos intuitos políticos, querendo assim arredar a política de assuntos desta natureza que interessam grandemente à economia do país.

Aproveito estar com a palavra para, pela segunda vez, instar pela remessa de documentos que tenho pedido há muito tempo e que me não têm sido enviados.

Há quási dois anos que pedi documentos pelos Ministérios das Finanças e Estrangeiros, relativos a vários assuntos de alta importância.

Há muitos meses que pedi por outros Ministérios outros documentos: — o relativo ao relatório do Sr. Dr. Afonso Costa sôbre a missão que S. Exa. e desempenhou lá fora em nome do Govêrno, e quanto aos vencimentos e mais partes dos adidos em missão intelectual ao estrangeiro e exposição do Rio de Janeiro.

E agora me recordo vir muito a propósito o assunto quanto às famosas despesas feitas pelo Govêrno e nomeadamente pelo Ministério das Finanças em propaganda, grande propaganda espalhafatosa do famoso empréstimo da raça, hoje com o nome consagrado de empréstimo rácico.

Estão-se sentindo os efeitos dessa alta medida do Govêrno democrático.

É ocasião do instar por que me seja remetida a nota que pedi há muitos meses da despesa enormíssima dêste empréstimo, que acaba de ser torpedeado pela maneira a mais escandalosa que se pode imaginar.

Apoiados.

Ouvi dizer aqui que o ponto principal é o de confiança.

Diz-se que o Govêrno procura obter a confiança do país; mas para a obter abusa dessa confiança, porque é um abuso de confiança o que se fez, e não é com abusos de confiança que se pode melhorar a situação do país.

Abusou-se da confiança do país, fazendo a propaganda espantosa do empréstimo, propaganda som precedentes.

Ao pobre jurista português tirou-se-lhe o dinheiro do bolso para as despesas republicanas; e depois disse-se-lhe: «Agora que tenho o dinheiro, corto-lhe o juro: não tem direito de receber senão o capital».

Isto vem a propósito dos documentos pedidos relativos à propaganda do empréstimo que custaram dezenas-e dezenas de contos.

É preciso ver, fazendo a conta às dês pesas de propaganda, aos juros dêsse empréstimo e aos demais encargos, se porventura êles atingem a importância de 180:000 contos que foi o produto em escudos da famosa operação.

Sr. Presidente: como não posso alongar as minhas considerações, peço a V. Exa. para preguntar ao Sr. Ministro do Comércio se já se considera habilitado a responder à interpelação que enviei para a Mesa.

Tenho dito.

O discurso será publicado na Integra? quando o orador haja revisto as notas taquigráficas.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António da Fonseca): — Sr. Presidente: em resposta às considerações, que acaba de fazer o Sr. Cancela de Abreu, devo dizer, em primeiro lugar que se ainda me não dei por habilitado a responder à interpelação anunciada por S. Exa. foi simplesmente porque dela não tinha conhecimento, visto que a respectiva nota foi enviada para a Mesa antes de eu ocupar esta cadeira.

Agora que dela tenho conhecimento, apresso-me a declarar ao ilustre deputado que estou inteiramente habilitado a responder desde já à referida interpelação.

Tem-se feito em torno do assunto dessa, interpelação uma série de suposições absolutamente infundadas que muito convém desfazer, esclarecendo por completo a questão. Muito, folgarei, por isso, em ter de a versar aqui em resposta à interpelação do Sr. Cancela de Abreu.

Quanto aos documentos por S. Exa. pedidos aos Ministérios, das Finanças e dos Estrangeiros eu transmitirei aos meus colegas dessas pastas o desejo de S. Exa.

Finalmente referiu-se S. Exa. à questão telégrafo-postal. A questão telégrafo-postal pode considerar-se hoje solucionada.

Tive ontem ocasião de receber por três vezes uma comissão delegada da classe que, enfim, me apresentou, aquilo que ela reputava como a mais fundamental das suas reclamações.

Discuti o assunto com essa comissão e tive ensejo, de ponderar-lhe os gravíssimos inconvenientes que para todas as actividades sociais resultavam da demora