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Sessão de 20 de Fevereiro de 1924 5

efeito da lei n.° 1:239, que levou ao Sr. Ministro da Guerra Correia Barreto uma informação dizendo que os oficiais tinham direito ao vencimento do pôsto.

O Sr. Ministro da Guerra despachou favoravelmente, e o Sr. coronel Roxo depois de feita a esperteza decretou que fossem pagos os vencimentos. E até quando o Sr. coronel Roxo mostrava ter hesitação em o fazer, lhe foi dito dentro do seu gabinete que fôsse para a frente, porque a Câmara dos Deputados era uma corja de imbecis.

De maneira que demonstra-se que, neste capítulo, a Câmara dos Deputados não tem responsabilidade alguma, cabendo esta a uma Repartição do Ministério da Guerra, cujo procedimento devia ter acarretado uma sanção imediata e grave.

Se continuamos por êste caminho, destruiremos a eficiência do Exército Português.

Não temos elementos para lhe dar instrução, nem de ordem moral nem de ordem material. Temos o quadro de oficiais pejado, absolutamente a deitar por fora, circunstância essa que tem provocado da parte da opinião pública uma reacção desfavorável contra as instituições militares, apodando-as de lesivas das finanças públicas, de cancro corroïdor das disponibilidades do País e de elemento de distruição de vida financeira do Estado.

Desde que a casta militar desapareceu pelo decreto orgânico de 1911, nós não podemos fazer nada, absolutamente nada, que separe o exército da Nação, que desprestigie o exército aos olhos da Nação, porque hoje o exército é a expressão completa da nacionalidade.

Vamos agora agravar o mal, e custa-me que assim seja, quando outros processos haveria de dar regalias à classe reclamante, sem ser através de uma promoção feita um pouco à fortiori, embora tenha aspectos de justiça. E, assim, nunca nos libertaremos do contrapeso dos supranumerários dentro dos quadros e, o que é mais grave, deixaremos de ter aquela reserva de sargentos que, em outra função, agiria automaticamente como elemento de rejuvenescimento, de garantia e conservação dos quadros em campanha. Vamos, mesmo, inutilizar a aspiração que deve existir nessa classe e que eu traduzo no meu contra-projecto, fazen-do-os oficiais com os mesmos direitos que todos os outros, podendo ombrear dignamente com todos os outros, nunca podendo estar em condições de inferioridade.

Não se diga que a questão dos quadros não deve merecer o máximo cuidado do Parlamento. A política militar de uma Nação é hoje ditada pelo seu organismo próprio, pelo Parlamento, e nós, fazendo o que vamos fazer, vamos inutilizar a preparação dos bons quadros. A intervenção do sargento é permanente e contínua na condução dos homens.

Para conduzir homens numa situação de perigo imediato, em que a carne se defende, é preciso ter uma grande autoridade moral, um absoluto virtuosismo, para os levar a cumprir o seu dever.

Já tive ensejo de declarar nesta casa do Parlamento, fundamentado nas melhores opiniões de militares ilustres, que a guerra é um mero incidente moral, é uma questão moral. Vê-se o que tem mais fôrça de vontade, mais disciplinada vontade, maior brio, maior educação, maior virtude. Rebentamento de granadas, de petardos, fusilaria, são incidentes de ordem material, como o descarrilamento de um eléctrico ou qualquer outra cousa de natureza física.

A questão é assim para homens como eu, que não temem essas cousas. De modo que se nós necessitamos de preparar homens para conduzir outros homens para o cumprimento de um dever tam doloroso, sob o ponto de vista moral e físico, temos da cuidar da preparação a dar a esses condutores de homens.

Relato à Câmara uma passagem que eu vi na batalha de 25 de Julho, ferida entre o 4.° exército francês e o exército alemão, na Champagne, feito de guerra que eu considero, de todos os que conheço, o mais brilhante. O comando francês, sabendo da hora em que ia ser feito o ataque alemão, ordenou a retirada de todas as suas tropas que ocupavam as primeiras e segundas linhas, reforçando consideràvelmente a artilharia.

À hora precisa em que o boche ia tentar o ataque lançou uma barragem intensa nas primeiras linhas que estavam balizadas por grupos de soldados comandados por sargentos, todos munidos de aparelhos de telegrafia óptica, de foguetões o outros processos de comunicação,