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10 Diário da Câmara dos Deputadas

general Sr. Norton de Matos, Alto Comissário daquela província.

E um homem de inteligência e de acção, como personalidade própria; portanto, recaiu bem a escolha na pessoa de Sr. general Norton de Matos, porque, se peca, é pelo excesso de personalidade.

Nunca ninguém, na administração pública, foi ocupar um cargo mais alto com mais liberdade de acção, e talvez com a mesma, noção de responsabilidades, do que o Sr. general Norton do Matos.

Distribuía dinheiro aos montões como fidalgo arrumado que nas suas mãos tivesse a cornocópia da abundância. Distribuía dinheiro a rodos, principalmente pela sua clientela!

Êste exagero de personalidade levou o Sr. Norton de Matos sem ofensa o digo a verdadeiros ridículos.

Incomodando sobremaneira o Sr. Norton de Matos ver a sua obra apreciada num sentido menos elogiativo, começou S. Exa. logo de entrada, a lutar por que maiores poderes fossem depostos nas snas mitos.

O Alto Comissário de Angola queria as mãos absolutamente livres não só para executar, mas para legislar.

O conselho legislativo da província era um escolho que podia de alguma forma embaraçar a sua acção, e daí a sua luta junto do Sr. Ferreira da Rocha, para que na pessoa do Alto Comissário se concentrassem todos os poderes numa verdadeira ressurreição de Césares romanos.

O Sr. Ferreira da Rocha opõe-se terminantemente a tais propósitos e o Alto Comissário vê-se obrigado, nesse ponto, a submeter-se.

Por outro lado o Alto Comissário de Angola pão compreende a sua obra sem o elogio constante das suas intenções e dos seus actos.

E então que alguém, como a tentadora serpente da bíblia, convida o Alto Comissário a comprar, em bloco, os favores da imprensa.

Êsse alguém é o Sr. Roberto Carlos da Fonseca, que ama carta de Lisboa para Loanda assim escrevia no Alto Comissário:

Leu.

É claro que o Sr. Roberto Carlos da Fonseca ao mesmo tempo que aconselhava o Sr. Norton de Matos a fazer esta

propaganda e porque é uma pessoa superiormente inteligente, tratava de estabelecer uma agência de publicidade em Loanda na Rua Diogo Cão, a cuja frente estava um funcionário da colónia, um tal Sr. Moreira, e uma outra em Lisboa, onde tinha um funcionário por sua conta.

Havemos de ver como êste Sr. Roberto Carlos da Fonseca, ao longo de toda a propaganda, alguma cousa lucrou com ela.

Ocupando-se dêste assunto da propaganda e publicidade, creio que no passado dia 14, o Sr. Norton do Matos nesta Câmara em termos se não facundos ao menos irados, depois de constatar roubos de documentos, disse, pouco mais ou menos, o seguinte: «A propaganda da província de Angola é absolutamente necessária. Serviços análogos existem em toda àparte do mundo e como são necessários existem verbas inscritas no orçamento da província, verbas pelas quais se pagam, as des-pesas de propaganda, e publicidade».

Não serão por certo as pobres e mesquinhas considerações dum homem que o Sr. Norton de Matos do alto da sua grandeza olha com o deprêzo infinito com que nós outros olhamos para os vermes que se vão arrastando pelos caminhos, não serão, repito, as minhas considerações que levarão o Sr. Norton de Matos a mudar de rota.

Ora eu que poderia ter reduzido, nesse momento ao seu verdadeiro valor as afir-mações do Sr. Norton de Matos, por não estar então na posse segura de todos os documentos, guardei-me para, em face das contas da gerência e dos orçamentos, reduzir as suas afirmações ás devidas proporções.

E como eu possuo um espírito matemático, vou pôr as minhas teses iniciais para depois pôr o quod erat demonstrandum.

Ora sustentei: Primeiro que a tal propaganda de Angola nunca passou da propaganda da inteligência, competência e altas virtudes ao Sr. Norton de Matos, que levaria qualquer homem, que não tivesse de si próprio o conceito que da sua pessoa faz o Sr. Norton de Matos, a mandar sustar, enojado, uma obra que podia ser considerada de subserviência.

Segundo, que nenhuma das despesas dessa propaganda até Hoje por mim apontadas foi paga pelas verbas orçamentais.