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Sessão de 25 de Fevereiro de 1924 21

Correia & C.a e Sousa Machado & C.a, dizendo-lhes que o Govêrno de Angola carecia de determinada quantia em cambiais sôbre Londres e Lisboa, e pregun-tando-lhes se as podiam satisfazer, na certeza do que o mesmo Govêrno estaria autorizado por nota do Conselho Executivo a fazer depósitos a prazo e a juro a combinar nas casas fornecedoras de cambiais, obtendo-se as respostas que vou referir.

O Banco Nacional Ultramarino respondeu dizendo que não lhe interessava a operação.

O Banco Colonial Português tratou o fornecimento de um determinado número de cambiais, não recebendo, porém, depósito algum, visto ter lá o Estado a 5 1/2 por cento um depósito de 3:500 contos de fundos de reserva.

A casa bancária Sousa Machado & C.ª comprometeu-se a fornecer grande número de cambiais (300:000 libras e 12:000 contos, se não estou em erro), recebendo um depósito a prazo e ao juro de 8 4/2 por cento.

Isto foi levado ao Conselho Executivo que autorizou a publicação do respectivo diploma para dispor do dinheiro para êsse fim. Lavrou-se, pois, o contrato nos livros da Repartição Superior de Fazenda da Província. Fizeram-se os contratos com várias casas, entre elas Galileu Correia e Angola & Congo, que, a breve trecho, desistiram deles, com o fundamento de que não tinham interêsses, sendo-lhes aceita a desistência.

A casa Sousa Machado & C.ª e o Banco Colonial Português, porém, continuaram cumprindo os seus contratos.

Há semanas, vendo que já tinha as cambiais suficientes para fazer face aos encargos de Angola no estrangeiro e que devia e podia contar com outras origens de cambiais, mandei notificar que os contratos seriam denunciados a partir de 1 de Março próximo, e deixei assim de fazer concorrência ao comércio e ao Banco Nacional Ultramarino na compra do cambiais.

Fui, é certo, um comerciante na compra de cambiais, mas entre o não poder o Estado pagar os seus compromissos no estrangeiro e fazer a operação da maneira por que a fiz, optei pela compra das cam-

biais, e tudo se fez após as consultas às entidades competentes.

Referiu-se também o Sr. Cunha Leal ao pouco que se fez em Angola. Por minha parte só tenho que pedir desculpa ao País de não ter podido fazer mais. Fiz, porém, o que pude e o que devia fazer.

Como homem de acção, acostumado a trabalhar e a ver o que se faz por todo o mundo, julgo que alguma cousa fiz e que proveitosos resultados não de advir num futuro próximo, e alguns já produziu sob o ponto de vista internacional.

A minha acção na província de Angola foi-me indicada não só no acto da minha nomeação, mas na Conferência da Paz, e consegui afastar os perigos que sôbre aquela nossa colónia pairavam, perigos que eu palpei, que eu senti com o coração a sangrar, no acto da realização dessa Conferência.

Daqui a alguns anos, quando eu já não existir, acabado o tumultuar de paixões, Justiça merecida se há-de fazer à minha acção. Estou absolutamente certo disso, digo-o em minha consciência. Então, se avaliará bem o meu esfôrço, as minhas canseiras, os tormentos grandes que passei para o engrandecimento da minha Pátria.

Disse, também, que nós tínhamos de olhar de mais alto para podermos desempenhar, naquela região tam nos sã, idêntica missão à que desempenhámos no Brasil, hoje uma das mais poderosas e ricas nações do mundo perante o qual a sua prosperidade não pode deixar de ser encarada como o produto 4a grande civilização latina, ou, melhor, da grande civilização portuguesa.

Muitos apoiados.

Sr. Presidente: é possível que eu tenha praticado erros; é possível que eu tenha praticado actos violentos e, porventura, escusados; é possível que outros, com mais génio, com mais iniciativa e com maior espírito de organização, tivessem conseguido ir além do que eu fui em matéria de práticas e úteis realizações. É possível. O que, porém, é certo é que tudo quanto fiz, pouco ou muito, a história o há-de dizer, e fiz sempre com a consciência de que fazia bem.

Nesta hora solene para mim posso levantar a minha voz com orgulho e afir-