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Sessão de 19 de Março de 1924 5

afazeres que tenho tido no meu Ministério, só hoje me foi possível comparecer nesta Câmara para assim poder dar resposta às constantes reclamações apresentadas pelo Sr. Tavares de Carvalho sôbre a carestia da vida.

Ninguém, Sr. Presidente, ignora as dificuldades que há em resolver crises desta natureza, sendo uma das principais a falta de dinheiro, conforme V. Exa. se referiu no final do seu discurso. No emtanto, podem, V. Exa. e a Câmara, ter a certeza de que o Govêrno está procurando por todos os meios ao seu alcance resolver o assunto.

Relativamente ao tabelamento dos géneros, devo dizer a V. Exa. que isso não dá resultados práticos, conforme já em tempos se verificou, pois todos devem estar lembrados que isso dava em resultado o desaparecimento dos géneros do mercado.

Não me foi possível nessa ocasião tratar do aumento, mas agora vou ocupar--me dele.

O Govêrno publicou um decreto isentando de qualquer imposto a importação de rezes; já a Câmara Municipal tem vários propostas que, a adoptarem-se, a carne baratearia 1$50 por quilograma.

O peixe também barateará, pois dentro de um mês teremos alguns vapores.

O estabelecimento de feiras livres também irá baratear os géneros, mas por emquanto e, por falta de propaganda, pouco público tem acorrido aos locais mencionados, talvez por preguiça.

S. Exa. falou sôbre medidas que. os meus antecessores tomaram para resolver a carestia da vida. Eu tinha muito prazer em conhecer essas medidas para as pôr em prática.

Falou também em coiros, e o caso não se passa como S. Exa. disse; a importação é que é muito grande.

Quanto ao luxo, já o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros se referiu a êle, e agora estando interrompidas as nossas relações comerciais com a França menos artigos dêsses importamos.

Com respeito a farinhas e pão, eu direi a V. Exa. que já quando estive no Ministério estabeleci um novo regime cerealífero; e se o trigo estava a 1$50, e eu deixei-o a 1$30, agora está a 1$60 e a 1$70.

Eu estive afastado da Câmara desde

1916 até á actual sessão legislativa, mas vi que de todas as leis cerealíferas nenhuma delas meteu a moagem na cadeia, e vi que os directores ganharam muitos milhares de contos por ano.

A abolição do pão político deu margem à moagem de ganhar muito e o restabelecimento do pão político é que colocaria a moagem em circunstâncias de ganhar menos.

O Sr. Velhinho Correia: — V. Exa. diz-me se tem feito novos financiamentos para compras?

O Orador: — Só conheço os que foram feitos por V. Exa.

O Sr. Velhinho Correia: — Eu não fiz nenhum.

O Orador: — Perdão, fez.

O Sr. Velhinho Correia: — V. Exa. está enganado; não fiz.

Àpartes.

O Orador: — Eu vou propor à Câmara o estabelecimento de um tipo único de pão.

Estava o pão a 1$40 e a farinha que se pretendia adquirir elevava o seu custo a 1$50 ou 1$60.

Quanto à farinha de tremoço, apreendida pelos fiscais do Ministério da Agricultura, numa fábrica de moagem em Sacavém, devo dizer que não tenho senão que louvar o procedimento dêsses funcionários.

Simplesmente me não parece que essa farinha fôsse destinada a panificação visto tratar-se dum cereal com o sabor extremamente amargo, que só à fôrça de açúcar se poderia aplicar a êsse fim. A farinha de tremoço ô usada apenas como adubo e foi naturalmente com êsse fim industrial que nessa fábrica se procedia à sua produção.

Quanto à batata devo informar a Câmara de que o Comissariado dos Abastecimentos procura adquirir toda a batata existente no País, dada a possibilidade de êsse precioso produto vir a faltar durante um mês ou dois. Temos simplesmente o recurso da batata importada da