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10 Diário da Câmara dos Deputados

Quem sabe o que foi essa batalha, que na nossa história ficará com o nome. «Batalha do Lys», verifica que ela representa para todos nós uma confirmação o uma esperança—a confirmação das virtudes superiores, da nossa raça, e a esperança dos dias gloriosos que hão-de vir.

Já aqui ouvi dizer que a batalha do 9 de Abril foi uma derrota.

Eu protesto com todas as minhas fôrças.

Na guerra moderna, «derrota» é a acção de que resulta o aniquilamento completo de uma das fôrças, e as tropas portuguesas não foram aniquiladas.

Pode falar-se das derrotas búlgara, romaica, mas não da derrota das tropas portuguesas.

E se as fôrças portuguesas não continuaram tendo a sua primitiva organização nas linhas da batalha, não foi isso devido ao 9 de Abril, mas sim ao procedimento dos homens públicos de então (Muitos apoiados) que deixaram perder o Corpo Expedicionário Português, que, embora fôsse a suprema representação da nossa Pátria, lá ficou por França abandonada como uma cousa odiada, que era preciso primeiro desacreditar e depois destruir.

Oxalá que a saudade pelos que caíram varados pelas balas inimigas e o exemplo daqueles que se bateram valentemente vivifique o nosso espírito, guiando-nos através da nossa continuidade histórica.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Morais Carvalho: — Sr. Presidente: passa hoje o sexto aniversário da batalha de Lys, tem que tantos dos nossos soldados, depois de se terem batido com bravura e heroicidade que são timbro da gente portuguesa, tombaram em terra estrangeira em defesa do prestígio o do bom nome de Portugal.

É-me grato por, neste momento, em releva o facto de o próprio marechal Hin-denburgo, comandante das fôrças inimigas, que no seu célebre livro sôbre a Grande Guerra havia escrito algumas palavras depreciativas do nosso esfôrço, não hesitar em reconhecer mais tarde que tanto os soldados como os oficiais se tinham batido valentemente.

Isto representa o reconhecimento, por parte do inimigo, do valor nunca desmentido das tropas portuguesas.

Sr. Presidente: a minoria monárquica, julgando que êste não é o momento oportuno para, apreciar a nossa intervenção na guerra, associa-se inteiramente à proposta de V. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Lelo Portela: — Sr. Presidente: é duro, às vezes, ser-se sincero. Mas eu sou militar e não sei falar senão a linguagem da verdade.

O 9 de Abril foi, de facto, uma derrota — embora uma derrota gloriosa — das armas portuguesas.

Sr. Presidente: para analisar as causas dêsse desastre material, temos evidentemente de ter em consideração a acção exercida pela política no decurso da guerra.

A guerra o a política estão intimamente ligadas, pois não há política separada da guerra, nem há guerra separada da política.

A guerra é o meio, diz um general, do que se serve a política para obter os seus fins e para atingir o seu objectivo.

As nacionalidades, por vezes, vêem-se na necessidade, depois do esgotados todos os recursos diplomáticos, de lançar mão da guerra.

A guerra, Sr. Presidente, é o meio político.

E, assim, resta-me saber se esse objectivo político que nos levou à guerra foi conseguido; resta-me saber se de facto nós obtivemos algumas vantagens dêsse objectivo político.

Neste momento, Sr. Presidente, o meu pensamento é para os mortos, para aqueles que no dia 9 do Abril souberam derramar o seu sangue pela Pátria.

Não é demais, Sr. Presidente, louvar o esfôrço de todo o povo português, pois a verdade é que êle soube obedecer às ordens dos seus Governos.

Sr. Presidente: será o momento de lembrar agora a propaganda deletéria que então se fez no País no sentido de deminuir o moral das nossas tropas.

Se na verdade é lícito lembrar essa propaganda deletéria, não menos lícito é lembrar a acção que as nossas tropas ti-