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Sessão de 9 de Abril de 1924 11

-veram no 9 de Abril, em que foram derrotadas; e a forma como essa derrota foi apreciada nos relatórios publicados.

A verdade é que essa derrota foi de tal maneira retumbante que não podemos deixar de nos curvar ante o esfôrço dêsses homens na Grande Guerra.

Decerto, Sr. Presidente, houve um objectivo político a atingir. Nós somos um povo pequeno em território e em habitantes; mas somos grandes porque nos fomos bater por uma causa grande, pela liberdade, pelo direito e pela justiça.

Sr. Presidente: a guerra terminou, o inimigo foi vencido; e eu pregunto a V. Exa. e pregunto ao país se o objectivo foi atingido.

O inimigo que foi vencido não cumpriu o tratado em que pôs a sua assinatura; e nós vencedores, não exigimos dêsse inimigo o cumprimento daquilo a que se obrigou.

O discurso será publicado na integra quando o orador haja revisto as notas taquigráficas.

O Sr. Lino Neto: — Honra às tropas de terra e mar e a todos aqueles que souberam morrer pela Pátria! A batalha de La Lys é um cemitério da Pátria.

Eu penso como o ilustre Deputado que há pouco falou, o Sr. Carlos Olavo, que á batalha de La Lys não foi uma derrota; porque derrotas são aquelas em que os objectivos não são atingidos. E, neste caso, foram-no.

Representa a batalha de La Lys um sacrifício? Sim; mas ouça a Câmara: a grandeza dos povos, assim como a dos indivíduos, fizeram-se sempre à custa de sacrifícios. E os nossos soldados luzitanos mostram-se iguais, senão superiores, aos soldados de todos os países.

Muitos apoiados.

Se sob o ponto de vista moral, esta data orgulha o coração dos portugueses, sob o ponto de vista político, a ela devem a solidificação do nosso domínio colonial e até o nosso destino através da História, que sempre se tem afirmado diverso do da Espanha. Ao passo que a Espanha, afastando-se da guerra, manifestou uma indiferença nacional, nós pertencendo; à civilização que tantas vezes defendemos através da- mesma história damos um exemplo de grandeza moral.

Por isso, eu não acompanho aqueles que dizem que a batalha de La Lys foi uma derrota!

Apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — São cinco horas: chegou o momento da invocação do soldado desconhecido. Peço à Câmara, que, de pé, se conserve em' silêncio durante dois minutos.

O orador suspendeu as suas considerações conservando-se a Câmara e as galerias de pé e em silêncio durante dois minutos.

O Orador: — Sr. Presidente: depois dêste silêncio profundíssimo em que a alma dos vivos vibram com a alma dos mortos, seja-me permitido dizer, que cumpramos o nosso dever honrando a nossa bandeira, símbolo da nossa Pátria, que foi à mesma que esteve em La Lys e em Aljubarrota que é a bandeira de nós todos: — é a bandeira da nossa Pátria.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Maia: — Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar ao voto proposto por V. Exa. em homenagem àqueles que na batalha de 9 de Abril deram a sua vida e o seu sangue pela Pátria.

Todavia sou daqueles que entendem que esta data é mal escolhida para solenizar a nossa acção na guerra e aqueles que deram o seu sangue pela Pátria. E digo porquê.

Não posso de forma nenhuma deixar de ligar a esta data duas cousas que são absolutamente antagónicas: — aqueles que combateram lá fora pela sua Pátria e aqueles que na Pátria a atraiçoaram.

Entendo que se devem comemorar aqueles que deram a vida pela Pátria, e os seus esfôrços e valentia.

Há, porém, outra data que deve ficar marcada na história: é aquela em que os homens públicos levaram o país à guerra atravez de uma campanha de despeitos e traições, para combatermos pela justiça.

Essa é a grande data a comemorar: E senão vejamos, pela nossa história, senão vamos buscar os factos primaciais dela para os comemorar.