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6 Diário da Câmara dos Deputados

Parece que o espertalhão descobriu as ideas e o desespero do seu vizinho regedor, e por isso, exteriorizava o seu reaccionarismo especialmente quando o avistava na rua ou à janela.

Por isso, o regedor tomou-o de ponta e parece que êle, ou alguém por êle, começou a alvejá-lo à pedrada ou à batata; e, mais tarde, a pretexto de qualquer desinteligência entre o dono do pássaro e a sua senhoria, o regedor aproveitou o ensejo para cevar o seu ódio e o seu jacobinismo no papagaio e no dono, espancando ou mandando espancar barbaramente aquele e selando o quarto em que o dono habitava e de cuja janela o papagaio, empoleirado, parolava!

Risos.

O epílogo do grotesco e desopilante episódio foi êste: o caso foi entregue à polícia pelo dono do papagaio, e o papagaio, quási moribundo, foi confiado aos cuidados da Sociedade Protectora dos Animais...

É nisto que certas autoridades da República se ocupam!

É assim que elas entendem que cumprem o seu dever!

E quem sabe? Amanhã, proclamada a monarquia, talvez o intolerante regedor se babe de gozo e peça o pé ao loiro, ao ouvi-lo exclamar:

- Papagaio real! Quem passa?

Risos.

Tenho dito.

O Sr. Ministro do Interior (Sá Cardoso): — Não tive o prazer de ouvir as primeiras palavras do Sr. Cancela de Abreu; mas parece-me que S. Exa. se referiu ao jôgo em Portugal.

Eu não posso, Sr. Presidente, estar a todas as horas e a todos os momentos a relatar à Câmara os esfôrços que tenha empregado no sentido de reprimir, tanto quanto possível, o jôgo, pois a verdade é que tenho feito tudo quanto em mim cabe nesse sentido, tendo ainda, haverá uns oito dia, enviado uma circular a todos os governadores civis, dando-lhes ordens terminantes sôbre o assunto.

Tenho empregado iodos os esforços no sentido de que o jôgo seja reprimido, porém, o que posso garantir a V. Exa. é que as leis que temos são insuficientes. Pena é, Sr. Presidente, que o Senado

não aprove, e quanto antes, o projecto que aqui foi discutido e votado da iniciativa do Sr. Vasco Borges, se bem que em minha opinião entenda, e esteja convencido de que à -repressão do jôgo não se poderá fazer completa e eficazmente, razão esta pela qual sou pela sua regulamentação.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Continua em discussão o parecer n.° 604, e tem a palavra o Sr. Ministro do Comércio e Comunicações.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Nuno Simões): — Sr. Presidente: quando se discutiu a generalidade dêste projecto de lei, tive ocasião de expor à Câmara a situaação especial em que me encontro se fôr aprovada a doutrina consignada no artigo 1.° em discussão. Bom será que a Câmara pondere devidamente o assunto.

Eu não sei, Sr. Presidente, se o Sr. relator do projecto mandou para a Mesa alguma emenda, mas se a não mandou bom será, repito, que pondere devidamente o assunto para o que chamo a sua atenção.

O orador não reviu.

O Sr. Marques de Azevedo: — Eu creio, Sr. Presidente, que o ilustre Deputado, Sr. Tôrres Garcia, relator do projecto em discussão, foi bem claro quando falou e eu, Sr. Presidente, também quando tive ocasião de falar sôbre a generalidade demonstrei à Câmara a grande utilidade que havia na construção dêste caminho de ferro.

Não quero, Sr. Presidente, reproduzir agora os argumentos que então apresentei, porém, não posso deixar de declarar que não houve menos respeito ou menos consideração pelas estações competentes, pois a verdade é que o único intuito que se teve em vista foi que êsse projecto entrasse desde já em discussão, de forma que êle fôsse aprovado e só possa realizar êsse grande melhoramento.

Sr. Presidente: o próprio Sr. Tôrres Garcia, relator do projecto em discussão, quando enviou para a Mesa a sua proposta, teve a lealdade de chamar para ela a atenção da Câmara,