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Sessão de 26 de Maio de 1924 29

serralharia que foi mandado transferir sem nenhuma audiência do respectivo comandante.

No momento em que se repercutia na Direcção de Aeronáutica, com uma desuzada intensidade, um dos mais Belos movimentos de solidariedade da raça, momento em que o pessoal que faz parte dessa direcção era pouco para receber os donativos, acusar e agradecer a sua recepção e fazer a respectiva escrita, foi nesse momento que o Ministério da Guerra achou mais próprio para transferir de lá um sargento encarregado dêsse serviço.

Todos êstes pequenos factos conjugados podem lazer supor que há da parte do Sr. Ministro da Guerra um propósito de hostilidade contra a aviação.

Sr. Presidente: a minha intervenção neste debate não foi documentada porque não quero cansar a atenção da Câmara nesta altura da sessão.

Limitei-me a colocar êstes pequenos factos perante os olhos do Sr. Ministro da Guerra, que certamente deles se não havia apercebido. Oxalá que S. Exa., que eu muito considero como político, como parlamentar e sobretudo como militar, possa tirar da conjugação dêsses pequenos factos uma conclusão que o leve a modificar uma atitude que pode levantar lamentáveis susceptibilidades de brio ferido.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Ouvi com toda a atenção as palavras que acaba de pronunciar o ilustre deputado Sr. João Camoesas e a S. Exa. devo dizer que não m.e recordo do caso dos sargentos que S. Exa. apontou, o que me faz pensar que se trata dum caso passado com o meu antecessor.

Mas mesmo que assim não seja, eu devo dizer que a acentuada falta de sargentos que se nota no exército obriga o Ministério da Guerra a transferências constantes dumas unidades para outras.

E se, por vezes, as ordens de transferência são escritas em termos severos, isso se deve à resistência que contra essas transferências levantam as unidades interessadas.

Com respeito ao operário a que se referiu o Sr. Dr. João Camoesas devo dizer que êsse operário foi reclamada por

ser absolutamente necessário para boa regularidade dos serviços. Trouxe à Câmara todos os documentos para que se veja que o Ministro da Guerra não lançou despacho senão em virtude da lei.

Tenho dito.

O orado não reviu.

O Sr. João Camoesas: — Agradeço ao Sr. Ministro da Guerra a amabilidade das suas informações.

O que eu quis frisar foi que havia um certo número de factos que não tinham, certamente, o intuito de magoar a aviação mas que, ligados, podiam revelar êsse propósito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — O que eu disse e repito é que não tenho nenhuma má vontade contra a aviação ou contra qualquer arma do exército.

Não tenho outra cousa a dizer.

O orador não reviu.

O Sr. António Maia (para explicações): — Os operários do Arsenal do Exército, querendo que lhes fossem abonadas algumas determinadas diferenças de vencimentos, procuraram o Sr. Ministro da Guerra, que lhas mandou abonar.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — V. Exa. dá-me licença?

Deixe-me dizer que a informação de V. Exa. é inteiramente inexacta, porque para assuntos do Arsenal do Exército só recebo o seu director.

Como se tratava duma comissão de operários que traziam um papel com as iniciais da Confederação Geral do Trabalho eu mandei-lhes dizer, não por se tratar dessa Confederação, mas de operários dum estabelecimento militar, que não os podia receber, só aceitando as suas pretensões pelas vias competentes.

O Sr. Cunha Leal (em àparte): — Isto tudo é uma série de trapalhadas, Sr. Ministro da Guerra! Eu não entendo, por exemplo, a proposta de lei que V. Exa. aqui apresentou para o crédito dos 30:000.000$. Se não estou em êrro, a lei que regulamentou o crédito dos 3 milhões