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Sessão de 26 de Maio de 1924 23

A verdade é que para se fazer um aviador leva algum tempo, mais do que é necessário para se fazer uma mobilização.

O que é um facto Sr. Presidente é que a, nossa vizinha Espanha está aumentando consideravelmente a sua aviação e assim nós não devemos esquecer que o único inimigo que poderemos ter é apropria Espanha, apesar de todas as suas manifestações à) simpatia.

Não nos devemos esquecer disto, repito; porém, o Sr. Ministro da Guerra não obstante o que acabo de expor à Câmara responde-nos mostrando-nos a grande necessidade que há de fazer economias, colocando tudo, absolutamente tudo acima da defesa do País.

Não admira que um Ministro da Guerra que assim procede tenha contra si o exército inteiro, como S. Exa. tem.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro) (interrompendo): — E pode V. Exa. ter a certeza que um outro Ministro da Guerra com um critério diverso do actual, não pode agora sentar-se nas bancadas do Poder.

O Orador: — Diz o Sr. Presidente do Ministério que nesta ocasião não poderá ir para ali outro Ministro da Guerra.

Francamente, Sr. Presidente, eu nada tenho com isso; pois a verdade é que isso é com S. Exa.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo (interrompendo): — O Sr. Presidente do Ministério não disse que não poderia vir para aqui outro Ministro da Guerra; o que disse é que não poderia vir para aqui outro Ministro da Guerra com um critério diferente daquele que eu tenho, que é o da necessidade que há de fazer economias. De resto, pode V. Exa. ter a certeza do que não tenho interêsse algum em aqui estar.

O Orador: — Nos outros países não se faz o que se está fazendo entre nós, pois, a verdade é que a condição principal dum Ministro da Guerra é olhar pelo exército, o que se não faz entre nós, antes pelo contrário, pois, a verdade é que S. Exa. coloca a economia acima da defesa do País, o que não pode ser.

Vou agora, Sr. Presidente, referir-me ao raid Lisboa-Macau.

S. Exa., para demonstrar que realmente tinha pelo raid todo o carinho, começou por dizer que a comissão técnica foi de opinião que êle não devia realizar-se; mas S. Exa. esqueceu-se de declarar que quatro dos membros que compunham essa comissão não são aviadores.

É, de resto, o que se disse nessa comissão?

Afirmou-se simplesmente que com a verba orçada para a Aeronáutica Militar não se podia, efectuar o raid.

Evidentemente; e a comissão técnica entendeu muito bem.

Mas o Sr. Ministro da Guerra, apesar de todo o seu carinho pelo raia, não trouxe aqui qualquer proposta no sentido de atender às necessidades dos aviadores.

Pelo contrário, S. Exa. pôs-lhes entraves.

Sr. Presidente: como o 5r. Ministro da Guerra é um fio cumpridor das lei?, eu recorde-lhe que no ano passado houve um Oficial que reclamou contra a sua folha de informações. Essa Colha seguia vários trâmites: ia à Secretaria da Guerra, ia ao Conselho Superior de Promoções, e êste Conselho tinha de dar o seu parecer até 15 de Fevereiro do ano passado. Pois o Sr. Ministro da Guerra sabe muito bem que êste parecer ainda não chegou às mãos dos interessados, e S. Exa. não deu até agora as providências que o caso requere, segundo os regulamentos militares.
Mas há mais. O Sr. Ministro da Guerra castigou há pouco tempo um oficial com trinta dias de prisão correccional. Êsse oficial, segundo determina o regulamento, tinha de cumprir imediatamente êsse castigo, mas até hoje ainda não deu entrada na prisão

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo) (interrompendo}: — Não dou, mas vai dar entrada na prisão. E o facto de não ter cumprido ainda o castigo é o de estar prestando serviço numa comissão parlamentar de inquérito.

O Orador: — E interessante êsse critério. Um secretário dum membro duma comissão de inquérito tem mais regalias do que um Deputado! Terminando as minhas considerações,