O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

24 Diário da Câmara dos Deputados

só me resta repetir que a acção do Sr. Ministro da Guerra tem sido prejudicial à bacilo e à disciplina do exército.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Quatro palavras apenas para que S. Exas.. não julguem que deixo de responder por menos consideração.

S. Exa. apreciou tantos assuntos, que mais parece ter feito uma interpelação.

O Sr. António Maia (interrompendo): — Foi V. Exa. quem trouxe esta questão à Câmara.

O Orador: — O que é verdade é que não encontro na argumentação de V. Exa. nenhum motivo para mudar de critério, pois ficaram de pé todas as considerações que eu fiz.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal: — Não pretendo introduzir uma nota política no debato, mas desejo lembrar ao Sr. Ministro da Guerra que está procedendo nesta questão como uma criança amuada.

Num Ministério presidido pelo Sr. Liberato Pinto, a que eu pertenci, sucedeu que um oficial de marinha recusou-se a estender a mão a um Ministro.

Êsse Ministro foi ao seio do Conselho e expôs o facto, pedindo para êle a sanção devida.

Houve então um membro dêsse Govêrno que disse mais ou menos o seguinte: «Um homem político não tem o direito, num caso como êste, de praticar qualquer acto que seja prejudicial dos interêsses do País, permitindo na sua idea de castigar o oficial que o desconsiderou».

Eu não digo quem, em pleno Conselho, lembrou ao Sr. Júlio Martins que era melhor para os interêsses da República que se demitisse; apenas garanto que êsse alguém não fui eu.

O Sr. Ministro da Guerra tem o dever de meditar, sem que eu tenha o propósito de lhe dar uma lição, as palavras que acabo de dizer.

Não têm o intuito de ameaçar, nem o de ferir politicamente, as minhas palavras.

Se o Sr. Ministro quere que lhe fale com toda a franqueza, devo dizer que até

sob certos aspectos simpatizo com a sua aparência de bom português, porque o é. Mas há mal entendidos, porventura.

Eu mesmo não sei se pôsto em presença duma questão que excede os simples princípios duma questão disciplinar, para tornar, pelas razões que exporei, o aspecto político tomaria a atitude que S. Exa. tomou.

Quem sabe se eu; talvez, colocado na situação de S. Exa., seria capaz dos mesmos gestos exaltados e do não meditar na conseqüência dos meus actos?

Nós somos, todavia, um país que sente decompor-se a si próprio; somos um país que, interrogando-se cuidadosamente, reconhece que todas as fôrças de desassociação que existem na sociedade portuguesa actuam ou pretendem actuar no sentido de nos levar à decomposição final.

Obedece isto a um objectivo? E apenas o resultado da impotência das fôrças orgânicas da sociedade? Porventura tudo isto obedece a uma premeditação ou é um fenómeno fatal?

No meio, porém de todas estas fôças negativas que se manifestam na sociedade portuguesa há um conjunto de belos rapazes que provam perante a sociedade que existe ainda dentro deles a qualidade que sobreleva a tudo para os portugueses: verdadeiro desprêzo pela vida, audácia que desafia tudo, o espaço e o infinito, e que têm uma aspiração claramente definida.

Querem demonstrar que existem neles fôrças que pretendem encaminhar-nos para um futuro melhor e que a raça portuguesa tem condições de persistência, de audácia e de ambição por um destino melhor.

Apoiados.

Digo-o sem nenhum espírito de acrimónia contra V. Exa., o bravo combatente da Flandres, a quem eu nesta hora presto justiça.

V. Exa. procedeu como um mau político, mas com bons intuitos.

Não tive o prazer de estar presente à sessão em que a questão foi levantada no Parlamento. E, a propósito ou despropósito dêste incidente, deixem-me V. Exas. aludir ao suposto prejuízo de cêrca de 80:000 contos que o Estado teria tido» com a compra e venda de cambiais. Não