O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 26 de Maio de 1924 25

houve prejuízo algum. O que há é uma lamentável irregularidade nas contas do Estado.

O aparento prejuízo resulta principalmente do pão político, da diferença com que o Estado vendia as cambiais destinadas à importação de trigo para não se elevar o preço do pão.

O que é que isto significa? Que não há contas, que vivemos num regime absolutamente de irresponsabilidades. E é neste momento, num país que vive nestas circunstâncias, que, por não se terem cumprido pequenas formalidades, V.Ex. Sr. Ministro da Guerra, se indigna contra a aviação e procura andar num conflito com uma corporação, que, tenho a certeza, S. Exa. respeita 'tanto como eu, mas que, pelas suas funções públicas, tem o dever de prezar um pouco mais do que preza.

Em presença do que estamos qual é, portanto, o problema?

O problema é o Sr. Ministro da Guerra aceitar os factos como êles se apresentam.

Veja S. Exa. como eu sou tam pouco explorador político, que me sentiria mal com a minha consciência se nesta hora não lhe fizesse uma confissão, o é a seguinte: declaro, e digo-o exactamente para merecer o respeito de pessoas que aqui estão o que viram o meu procedimento quando Ministro das Finanças, que eu talvez também não tivesse dado essas libras para a compra do aparelhos de aviação, mas declaro que se me encontrasse em presença de contratos feitos da procuraria tirar o máximo proveito a lavor da aviação, procuraria prestigiá-la, procuraria aproveitar o sacrifício que a nação tinha feito com uma arma que pretende lutar, voar, arriscar-se a morrer, arriscando-se a sofrer todas as contingências da sorte para levantar o nome nacional.

Visto que a situação estava criada, teria dito: aí têm os aparelhos, façam o favor de continuar a lutar pela sua terra, sejam o que tem sido até agora, e eu só lhes não dou mais porque não posso.

Mas parece que a tática do Sr. Ministro da Guerra foi exactamente oposta; procurou criar um conflito, e de facto criou uma situação de intranqüilidade que é desagradável para todos nós.

Moralidade desta pequenina fábula: o Sr. Ministro da Guerra, tenho disso a certeza, é pessoa capaz de meditar no que acabo de dizer; acredito que o Sr.. Ministro da Guerra, e isto sem nenhum segundo sentido, sem segunda intenção, é capaz de acarinhar a aviação portuguesa, porque o merece especialmente neste momento em que, metidos num avião que vai a trouxe-mouxe por êsse espaço fora, sem condições de segurança, vão uns dois bons rapazes, Brito Pais e Sarmento Beirés, movidos pela nobre paixão de servir o seu país.

Neste momento tenho a certeza de que S. Exa., que andou na guerra, já fez mais pela Pátria do que eu, está já arrependido do que disse a respeito da nossa aviação.

Não digo isto por uma política baixai? mas como português.

A aviação é alguma cousa na nossa terra, e todos nós ternos o dever de esquecer as suas faltas, e certamente será essa já a atitude de S. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo): — Sr. Presidente: começo por agradecer as generosas palavras que o Sr. Cunha Leal disse a meu respeito, mas devo dizer que fui o primeiro, no princípio das minhas considerações, a render homenagem à nossa aviação.

Eu sei também que não se pode ser aviador sem ter condições de um certo estouvamento, empregando esta palavra no bom sentido.

Eu vejo também a porção de benevolência que é necessário ter para com certas faltas por êles praticadas, mas não a posso ter para faltas de natureza grave, e não posso aceitar que na 5.ª arma se pratiquem actos que não são conformes com as leis e regulamentos militares.

Apartes.

A certos casos não posso deixar de aplicar as devidas sanções, embora com alguma benevolência.

Narrou o Sr. Cunha Leal um caso ocorrido num Govêrno de que S. Exa. fez parte.

Se V. Exa. quere pôr a questão de me avisar que devo abandonar o meu cargo, devo dizer que o abandonarei na primeira