O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 26 de Maio de 1924 27

Foi precisamente por actos meus praticados nesse sentido, que eu sofri horas bem amargas.

Entendia e entendo ainda que a dignificação do exército está não só no valor dos seus componentes, mas também no principio: de que do exército devem ser excluídos todos aqueles que nele não estão bem, que não podem vestir uma farda.

O Sr. António Maia: — Isso é comigo?

O Orador: — As minhas palavras não necessitam de algum esclarecimento.

Todos que aqui estão na Câmara, as percebem.

O Sr. António Maia: — Excepto eu!

O Orador: — Não tenho a pretensão de convencer V. Exa.

Fez-se por essa ocasião uma campanha contra mim, empregando-se os mais desleais e miseráveis processos.

O Sr. António Maia: -Isso é comigo?

O Orador: — Infelizmente não posso dizer pois não tenho a certeza, mas V. Exa. meta a mão na sua consciência.

V. Exa. é que pode saber.

Se eu soubesse que as minhas palavras deviam visar V. Exa. creia que não tinha dúvida nenhuma em dizer-lhe com toda a clareza.

Eu sei que a aviação, como todo o exército, tem grandes necessidades; mas nós estamos fazendo economias e temos também de acudir a muita miséria, aos hospitais, à assistência em geral.

Não quere isto dizer que o Sr. Ministro da Guerra não cuide do exército com toda a solicitude e tudo fará em seu favor compatível com os interêsses do Estado, fora disso não fará nada, e tanto S. Exa. como os membros do Govêrno serão intransigentes nesta atitude emquanto a Câmara não lhe significar a reprovação dos seus actos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Maia: — Sr. Presidente: pedi a palavra em primeiro lugar para dizer ao Sr. Álvaro de Castro, que a insi-

nuação que fez, se é para mim, devolvo-lha inteira e completa.

Quando foi do 21 de Maio, e de uma, pseudo revolução da Marinha, dizia-se que se forjava um movimento planeado por um Ministro que já estava demitido.

Nestas circunstâncias, eu, António Maia, comandante das Esquadrilhas de Aviação República, dirigi-me a infantaria n.° 1, e lá vim a sabor que realmente se pretendia trazer todos os regimentos para a rua para sufocar a pseudo revolta da marinha.

Nestas condições opus-me terminantemente, porque não sei o que são movimentos constitucionais, senão aqueles que dimanam de um governo legalmente constituído.

E por êste motivo que digo, que se os processos desleais e miseráveis a que o Sr. Álvaro de Castro se referiu, eram para mim, devolvo-lhes por completo.

Em segundo lugar, preciso levantar uma expressão atribuída aos aviadores pelo Sr. Ministro da Guerra, a de «estouvados».

Realmente neste país chama-se estouvados a todos aqueles que põem a sua dignidade, brio o honra, acima de todos os seus interêsses.

O Sr. Ministro da Guerra (Américo Olavo) (interrompendo): — A palavra não tem o menor sentido prejurativo.

Afirmei até que essa qualidade deve tê-la todo o indivíduo que se destina a aviador.

V. Exa. é que está no propósito de ver em tudo quanto digo a intenção de deminuir a aviação.

O Orador.— Esse final é que era escusado.

Sr. Presidente: a palavra «estouvado», nos dicionários tem a significação de indivíduo meio maluco, mas como o Sr. Ministro da Guerra, diz que a significação-não é essa, eu dou-me por satisfeito com as explicações de S. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. João Camoesas: — Sr. Presidente: não teria intervindo no debate se não fossem as considerações do Sr. Lelo Portela.