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24 Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: — A oportunidade em política é tudo.

Entendemos em face das declarações do Sr. Presidente do Ministério, e como partido organizado e dentro de uma sociedade que deve viver bem orientada, que não tínhamos outra cousa a fazer senão esperar o resultado das medidas que o Govêrno tomou para manter a ordem e a disciplina.

Não queremos que o Govêrno venha dizer que um partido como o nosso, se tornou também um elemento perturbador ha sociedade. Temos também de considerar que os aviadores se distinguiram-na guerra, que praticaram o feito da viagem ao Brasil, e agora mesmo, a caminho do Oriente, praticam um acto que produz o legítimo, orgulho da quinta arma.

Tudo isto são razões para pedir a todos os republicanos que meditem bem nos actos que praticam, e que tenham acima de tudo o sentimento de que não vale a pena, por ser Poder, ou para dar a impressão de que se é Poder, provocar factos que depois têm de ser punidos, porque no julgamento que se tiver dêsses factos, é preciso ter em conta a responsabilidade que teve quem os provocou.

Sr. Presidente: trata-se de um assunto delicado, e porque o Sr. Camoesas entendeu deixar a oportunidade de o tratar para outro momento, eu só farei agora uma pregunta.

Ouso preguntar neste momento isto:

Entende a Câmara que sôbre o caso, pelo conhecimento que cada um tenha da gravidade dos acontecimentos, convém que se abra uma discussão, especial? Se assim fôr, devo dizer a V. Exa. que então há que sobrestar em qualquer medida que a todo o País amanhã possa encher de tristeza e de luto, até que se veja o resultado dessa discussão.

Eu não a proponho, mas porque pelo lado da maioria se levantou qualquer cousa que pode parecer uma dúvida, eu como partido da oposição, mas partido que deseja a ordem e disciplina, entendo ser meu dever preguntar se o Govêrno quere que essa discussão se faça.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Sr.

Presidente: respondendo ao Sr. Morais de Carvalho devo dizer que no primeiro dia de sessão devo fornecer a S. Exa. os números que li à Câmara.

Quanto às contas, já disse a S. Exa. que esperasse um ano, que não lhe posso pedir menos tempo.

Relativamente às palavras do. Sr. Moura Pinto, creio que falei nitidamente em resposta às considerações do Sr. João Camoesas.

Primitivamente fiz à Câmara as considerações que julguei necessário fazer perante acontecimentos produzidos durante a tarde e noite de ontem, como, do resto, o fiz a propósito das greves dos funcionários públicos e dos correios e telégrafos, resolvendo então o Parlamento discutir a orientação do Govêrno; mas desta vez não vi que o fizesse. Contudo, se efectivamente na emergência o Parlamento entendesse dever discutir os acontecimentos, na discussão teria dito as palavras que disse a propósito das considerações do Sr. João Camoesas.

Realmente, o Govêrno entende que o Parlamento não pode sem deminuição da acção do Govêrno discutir o assunto.

Mas nesta altura de encerrar a sessão o Sr. Moura Pinto faz-me uma pregunta nesse sentido...

O Sr. Moura Pinto: — Eu preguntei à Câmara, não ao Govêrno.

O Orador: - Nesse caso nada tenho a responder.

O Sr. Paiva Gomes: — Se V. Exa. me dá licença, devo rectificar uma afirmação do Sr. Moura Pinto. S. Exa. afirmou que da parte da maioria se levantaram dúvidas; ora foi apenas da parte dum Deputado da maioria, o que é diferente.

O Sr. Moura Pinto: — Faço essa rectificação se V. Exa. quere. Quanto à minha pregunta, ela foi dirigida, sobretudo, à maioria desta Câmara, visto que é ela quem tem de pronunciar-se.

O Orador: — O Govêrno reputa o acontecimento grave, mas por isso mesmo não vê motivo algum que o impeça de passar por cima dele pela forma que julgar mais