O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22 Diário da Câmara dos Deputados

Colónias o incómodo da sua presença nesta altura da sessão para ouvir as minhas considerações.

Vi ontem anunciado nos jornais, em grandes parangonas, o extraordinário, espantoso, piramidal triunfo diplomático do Ministro dos Negócios Estrangeiros ... obtido à custa de um acto do falecido presidente Sidónio Pais. A êste e só a êle e ao seu Govêrno são devidas todas as homenagens, porque a êles se deve a iniciativa e o conseguimento da elevação a embaixadas das legações de Londres e Lisboa.

Não é êste, porém, o assunto para que me inscrevi.

A nomeação do Sr. Norton de Matos para embaixador de Portugal em Londres causou verdadeiro assombro.

Como desculpar semelhante procedimento de S. Exa. depois de ter afirmado, na imprensa e aqui, que o abandono do seu cargo de Alto Comissário de Angola equivaleria a uma deserção que êle seria incapaz de praticar!

É preciso que o Sr. Ministro das Colónias diga os motivos por que o Sr. Norton. de Matos desertou do seu pôsto sem levar a seu termo a obra em que êle e os seus amigos se mostravam tam esperançados.

Semelhante procedimento será devido ao fracasso do empréstimo que êle foi negociar em Londres?

Pregunto também ao Sr. Ministro das Colónias se teria sido S. Exa. o causador indirecto da substituição do Sr. Norton de Matos.

O Sr. Mariano Martins tinha tido a franqueza de declarar nesta Câmara que, se fôsse verdade que o artigo publicado no American World tinha sido da autoria do Sr. Norton de Matos, não se sentiria bem no seu lugar. Ora como já se provou que o facto é verdadeiro, é natural que o Sr. Ministro das Colónias tenha exclamado: «ou o Sr. Norton de Matos ou eu».

Será assim?

Tenho dito.

O Sr. Ministro das Colónias (Mariano Martins): — Sr. Presidente: em primeiro lugar devo dizer que não me são devidos os agradecimentos que o Sr. Cancela de Abreu me dirigiu no início das suas considerações porque eu, como membro do

Poder Executivo, apenas cumpri o meu dever estando até o fim da sessão, visto que raramente posso comparecer no período «antes da ordem» por virtude dos assuntos que correm pela pasta das Colónias.

Quanto às preguntas que o Sr. Cancela de Abreu fez acerca dos motivos que levaram o Sr. Norton de Matos a trocar o cargo de Alto Comissário pelo de embaixador em Londres, devo dizer, com toda -a franqueza, que não sei. Desejava antes que S. Exa. continuasse no seu pôsto porque, tendo iniciado uma obra, era evidentemente a êle que cabia continuá-la até o fim.

Apoiados.

Relativamente ao empréstimo a que o ilustre Deputado aludiu, não sei qual é a operação.

Quando tive ocasião de falar com o Sr. Norton de Matos, sôbre a sua viagem a Londres, êle só se referiu ao empréstimo com a Companhia dos Diamantes. Se, porventura, há qualquer outra operação não sei qual seja. O empréstimo com a Companhia dos Diamantes fez-se e creio que foi de 500:000 libras.

Sôbre o dilema a que o Sr. Cancela de Abreu fez referência eu não o podia ter apresentado porque estou convencido que o Sr. Norton de Matos não subscreveu aquele artigo que veio publicado no American World.

Eram estas as considerações que tinha a fazer.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Com relação às declarações do Sr. Cancela de Abreu, eu devo dizer que o Sr. Domingos Pereira fez o que devia fazer.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Eu referi-me à Imprensa...

O Orador: — As diligências não foram feitas por Sidónio Pais, ao contrário do que se afirma.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — V. Exa. sabe que no tempo da propaganda, os republicanos eram contra a aliança.