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6 Diário da Câmara dos Deputados

Tinha sido selado para ser apenas moído em vez de refinado.

O Orador: — A desculpa apresentada é pueril e graciosa.

Estamos naquele caso do doente que, se não morre da doença, morre da cura.

S. Exa. não queria que faltasse o açúcar e forneceu êsse açúcar julgado prejudicial, nocivo à saúde pública.

A companhia a quem fora apreendido exerceu a sua influência em volta do Sr. comissário dos abastecimentos, e assim foi que o açúcar se distribuiu às casas de beneficência.

Se p Sr. Ministro da Agricultura conhece esses factos, tem de demitir o Sr. Sá da Costa.

É o que tem a fazer imediatamente.

Mas há mais.

Há dias, os fiscais dos abastecimentos fizeram a apreensão de 500 sacas de arroz, julgado impróprio para o consumo, e remeteram-se as respectivas amostras ao Instituto Central de Higiene, que declarou que o arroz era impróprio para o consumo e que algum podia ser aproveitado desde que fôsse submetido a nova refinação.

Os autos de apreensão do arroz desapareceram, não entrando no Tribunal de Assambarcadores.

Assumo a responsabilidade das minhas acusações.

Muitos funcionários dos abastecimentos estão prontos a testemunhar os factos que venho narrar à Câmara.

Há indivíduos que exercem funções no Comissariado dos Abastecimentos e que são simultaneamente comerciantes ou desempenham funções absolutamente incompatíveis com as que lhes foram confiadas no mesmo Comissariado.

O Sr. Presidente: — Previno V. Exa. de que esgotou o tempo destinado aos oradores inscritos antes da ordem do dia.

O Orador: — Vou terminar.

Vozes: — Fale! Fale!

O Orador: — O Comissário dos Abastecimentos tem conhecimento de tudo isto e continua exercendo a sua acção antagónica, sob o ponto de vista do embarate-

cimento da vida; não contente com a defesa que em Lisboa faz, pela imprensa, do modo incompetente como procede, vai a Beja fazer conferências e mostrar ali também a sua insuficiência intelectual.

O Sr. Comissário dos Abastecimentos tem exercido uma acção nefasta, prejudicial, aos interêsses do Estado, e suponho que as considerações que tenho produzido hoje são suficientes para o Sr. Ministro da Agricultura o demitir, depois de informado pelo Sr. Ministro das Colónias, que lhe transmitirá o que acabei de dizer.

Prometo não largar mão do assunto emquanto se não realizar a obra de saneamento moral que o prestígio da República impõe.

Fustigarei sempre aqueles que pratiquem actos que julgo ilegais.

Por hoje, tenho dito.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando nestes termos: restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Velhinho Correia: — Desejo produzir algumas considerações, em resposta às acusações formuladas pelo Sr. António Correia.

O Sr. Lopes Cardoso: — Então o Sr. Velhinho Correia usa da palavra sôbre êste assunto?!

O,Orador: — Tenho o direito de usar da palavra durante dez minutos. Por isso chamo a atenção da Câmara para o que vou dizer, em resposta ao Sr. António Correia.

Não é como Deputado que estou falando.

E como consumidor dos Armazéns Reguladores.

E justo que um consumidor se faça ouvir em seguida às considerações que foram feitas pelo Sr. António Correia.

Êsse consumidor sou eu. E, em nome da verdade, devo dizer que os géneros fornecidos pelo Comissariado dos Abastecimentos são tam bons como os que são vendidos nos estabelecimentos particulares, com a diferença de serem sensivelmente mais baratos.

Afirmar o contrário é cooperar na formidável campanha movida pelo comércio ferido nos seus ilegítimos interêsses, con-