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10 Diário da Câmara dos Deputados

dever, o queria fazer, contudo, depois de esgotadas todas as formas de persuasão por se tratar de elementos que merecem, em geral, as considerações do Govêrno. Para êsse eleito, conseguiu o Sr. Ministro da Guerra que o Sr. coronel Morais Sarmento fôsse aos quartéis da Amadora e de Sintra conferenciar com oficiais rebeldes, fazendo-lhes sentir quanto o seu procedimento era impróprio de oficiais e prejudicial à disciplina do exército e à tranqüilidade pública. Êsses oficiais, desfazendo-se em manifestações de consideração e de simpatia para com o Sr. Morais Sarmento, recusaram-se, porém, a tomar qualquer atitude que significasse arrependimento do seu acto.

O Sr. general de divisão Roberto Baptista, apesar desta infeliz démarche, ainda que, pessoalmente e como pessoa que supunha merecer a consideração de oficiais que toda a consideração querem para êlas, mas não a querem dar aos outros, fazer as suas démarches junto dos aviadores.

S. Exa. foi, por igual, mal sucedido: foi-lhe, por igual, respondido pelos oficiais revoltados que nada havia a tratar, que estavam ali para resistir pelas armas fôsse contra quem fôsse, e que não reconheciam o poder nem o acto do Sr. Ministro da Guerra.

Pois S. Exa., não querendo ainda adoptar as medidas que o caso comportava, mandou o seu chefe do estado maior à Amadora intimar três ou quatro oficiais (o número não importa), a que se apresentassem no Quartel General da 1.ª Divisão, visto que êles tinham informado que obedeciam a qualquer determinação que partisse dêsse Quartel General. Esta intimação teve também resultado negativo.

Esgotados assim todos os meios suasórios compatíveis com o prestígio da autoridade, já não do Govêrno, mas do General da 1.ª Divisão, o Sr. Ministro da Guerra determinou a êsse General que, tendo unidades rebeladas dentro das que estão sujeitas à sua jurisdição militar, adoptasse os meios que entendesse convenientes para as reduzir à obediência.

As ordens que o Sr. Ministro da Guerra dou ao Sr. General Comandante da Divisão foram as que vou referir.

Antes, porém, disso, porque gosto de assumir as responsabilidades dos meus actos e das minhas palavras, preciso fazer uma referência às palavras do Sr. Cunha Leal.

Se houvesse que compelir péla fôrça, pelo fogo e pelas armas uma unidade rebelada a entrar dentro da ordem, e se isso se tornasse absolutamente necessário o Govêrno não hesitaria em realizá-lo.

Nunca nenhum Govêrno hesitou, em Portugal, em adoptar êsses meios, embora não os pusesse em prática.

Já estive numa situação equivalente a esta, que infelizmente parece ir ter o mesmo desfecho que conduz ao curvamento da indisciplina e, que há-de conduzir-nos fatalmente a horas mais amargas que estas que passam agora e que muitos imaginam que são as piores.

O Govêrno, consciente da sua fôrça, consciente da sua autoridade, consciente do prestígio do general de divisão, consciente do espírito de disciplina das tropas, não hesitou em proceder com a cautela e o cuidado que no momento actual
são indispensáveis e indiscutíveis.

Começou já a esta hora a retirar o grosso das tropas que se encontravam cercando a Amadora, por serem desnecessárias.

Sabendo o Govêrno que os sargentos, como eu ontem disse aqui, se tinham apresentado, não querendo colaborar em actos de rebeldia, o Sr. Ministro da Guerra mandou-os louvar.

Apoiados.

Os aviadores mandaram apresentar os soldados e lá ficaram só dezassete oficiais, dando o Govêrno ordem para que as fôrças não disparem mesmo que os aviadores atacassem.

Ficaram êles com todas as comunicações cortadas, de forma que não possam comunicar com os de fora, nem os de fora possam comunicar com os que estão no campo.

O Sr. Ministro da Guerra chegou tarde à Câmara, porque quis ver pessoalmente como as cousas estavam e ou também quis acompanhar S. Exa. e por isso cheguei também tarde.

As ordens do general comandante da divisão foram cumpridas, do modo que os oficiais fiquem completamente isolados.

Várias propostas se fizeram, e que o