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12 Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: — O Govêrno nunca receou que a rebelião tivesse repercussão no exército ou na guarda republicana.

Estava, seguro e tranqüilo, conforme aqui o afirmei, e os factos vieram demonstrar; mas não estava tranqüilo e seguro relativamente a quaisquer outras perturbações graves, e que, na verdade, nenhuma relação podiam ter com a aviação, como, por exemplo, o que se passa no Forte da Trafaria, onde os presos só revoltaram, sendo felizmente reprimida a sua insubordinação.

Eu estava seguro de que o exército cumpriria o seu dever, desde que essas ordens emanavam de quem, de direito.

As minhas homenagens ao exército português!

Apoiados.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: pedi a palavra quando o Sr. Presidente do Ministério deu a entender que, pelo simples lacto de a Câmara ter aprovado o negócio urgente, o Govêrno se iria embora.

Então o simples acto de a Câmara ter aprovado que eu falasse leva o Govêrno a ir-se embora?

É preciso pôr as cousas com clareza; nós não queremos a, queda do Govêrno, mas também não votamos a moção de confiança.

Apoiados.

Quer fique, quer não fique o Govêrno, não aceitarei participação no que lhe suceder.

Já vê portanto, o Sr. Presidente do Ministério que por êsse lado não é a aspiração do Govêrno que mo leva a tomar a atitude que tomei, e tomei-a por deliberação do meu partido.

Ontem não estava presente quando o Sr. Presidente do Ministério tratou da questão, nem no fim da sessão, quando vários Srs. Deputados se referiram ao assunto, entre êles o meu colega Sr. Moura Pinto.

Se estivesse presente teria ficado silencioso.

Os aviadores estavam na disposição de se defender e até do atacar. Hoje a situação mudou, e os oficiais revoltados não quiseram mais sacrifícios de vidas e mandaram sair os soldados que, os acompa-

nhavam, resolvidos a sacrificarem êles apenas as suas vidas.

O Sr. Presidente do Ministério tem a sua honra, porque é homem de bem mas eu tenho também a minha, e quando um homem tem galões nos braços o assumiu determinadas atitudes, como a que tomaram aqueles oficiais, a sua honra está acima de tudo, segundo eu entendo.

Os exemplos devem vir de cima, e eu pregunto à Câmara se um oficia que preza a honra, a ordem e disciplina não entende que os outros oficiais também tem honra o brio.

Quero dizer ao Sr. Ministro da Guerra, a quem incumbe a defesa do prestígio do exército, que, na minha consciência, entendo que S. Exa. podia ter evitado tudo que se está passando. Não o digo com intuitos políticos, digo-o com toda a consciência: um bocadinho mais de calma, um bocadinho mais do bom senso político aliado às grandes e brilhantes qualidades do inteligência e bravura do Sr. Ministro da Guerra, era o suficiente para que isto se evitasse.

Mas faltaram ao Sr. Ministro essas virtudes e por isso agora se pretende manter engaiolados dezassete Lords-Maiores de Cork para, numa tragi-comédia, os fazer render pela fome.

Poderá dormir sossegado quem assim procede?

Disse o Sr. Presidente do Ministério que se tinham já castigado oficiais dos mais brilhantes, como, por exemplo, o general Sr. Gomes da Costa.

Os casos são completamente diversos.

Êsse oficial, em virtude de um equívoco lamentável, veio pera os jornais usar de termos ofensivos para o Sr. Ministro da Guerra, o assim vi-me obrigado, ainda, que com bastante mágoa, a ter de o mandar punir disciplinarmente.

Mas já que estamos em matéria de história, pregunto ao Sr. Presidente do Ministério se teve sempre a mesma opinião» acerca dos princípios disciplinares. E vamos, então, recordar este episódio: à frente de uma formatura da marinha de guerra estava um oficial; o Ministro da Marinha chega, estende-lhe a mão e êsse oficial recusa-se a apertar-lha, e o Ministro manda-o castigar. Ora, se estamos em maré de sinceridade, porque não lembrar as palavras, que ainda tenho nos meus