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Sessão de 4 de Junho de 1924 13

ouvidos, então proferidas pelo Sr. Álvaro de Castro?

O Sr. Júlio Martins, o Ministro da Marinha a que aludi, pediu acordo ao Conselho de Ministros para manter a disciplina na marinha de guerra, visto que já havia prenúncios de indisciplina, começando, é claro, por castigar aquele oficial que se tinha recusado a apertar-lhe a mão.

Isto traria Agraves conseqüências políticas, e o Sr. Álvaro do Castro disso nessa altura, que a sua opinião era de que o Ministro se demitisse.

Não podemos ser provocadores de conflitos.

Quando a política está em determinado pôsto não deixa de ser político e, houve que dizer ao Sr. Ministro da Marinha que qualquer questão que se desenrolasse sôbre o caso, se reputaria do conseqüências tam graves que era necessário não a provocar.

Então o Ministro da Marinha teve de cair.

Nessa altura quis-se atender às circunstâncias; foi-se político nossa altura.

Agora, porém, o Sr. Álvaro de Castro torna-se o paladino de uma disciplina rígida, e nós queremo-la, mas, para que ela exista, é necessário que as pessoas que se encontram à frente da governação não pratiquem actos que provocam a indisciplina.

As cousas são o que são.

O Sr. Presidente do Ministério fez justiça ao meu partido quando enumerou a série de votos que lhe têm sido dados pelo Parlamento.

Ainda há pouco, no conflito telégrafo-postal, demos a nós próprios a satisfação moral de não nos importarmos com qualquer proveito político que, porventura, pudéssemos tirar do caso, para só olharmos à necessidade de bem servir os interêsses do País.

Tanto nêsse conflito como em tantos outros que se têm desenrolado, de greves várias a que o Govêrno tem assistido, nunca houve da parte da minoria nacionalista uma única palavra que deminuísse a autoridade do Poder Executivo.

Temos, pois, um larguíssimo activo e o Sr. Presidente do Ministério é o primeiro a reconhecê-lo.

Sr. Presidente: se o Govêrno está na primeira fase de querer ir-se embora a pretexto da votação do negócio urgente, repito, o caso é com êle.

Acho que a porta é muito estreita para sair, mas sairá por ela como quiser e entender e devo acrescentar, sob minha responsabilidade individual, que a sua saída é um serviço a prestar ao país.

Eu compreendo que as pessoas que se meteram em determinadas dificuldades que criaram, sejam impotentes para solucionar certos conflitos, mas, se a sua consciência lhes indica que devem sair, saiam, todavia, sem ligar a essa fuga a responsabilidade dos partidos da oposição.

Sr. Presidente: não apresentamos nenhuma moção de desconfiança; deixamos ao Govêrno e. à maioria a inteira responsabilidade na resolução do conflito: se fôr apresentada uma moção de confiança, a nossa honra inibe-nos de a votar.

O nosso papel de minoria foi dar razão ao Govêrno emquanto o supusemos capaz de solucionar o conflito; julgamos o Govêrno pelos seus actos.

Se o cerco da Amadora, só essa cousa quási cómica de render pela fome, que à primeira vista parece caricato, conduzir a uma tragédia, e se os Srs. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra, fortes de terem cumprido o seu dever, julgam que podem tranqüilamente olhar para êsse sangue, sem que a sua vista se lhes perturbe, por mim declaro que não quero essa responsabilidade, porque me lembro de quando Lady Macbeth, na tragédia de Shakspeare, gritava:

«Nem toda a água do mar será capaz de lavar as nódoas de sangue destas mãos».

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Pedi a palavra para fazer algumas considerações ou antes rectificações a umas palavras do Sr. Cunha Leal.

Presto a minha homenagem ao ilustre Deputado e mais uma vez louvo a maneira como o Sr. Cunha Leal tratou o assunto, movido por elevados intuitos.

Não sei, porém, que o processo de