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Sessão de 4 de Julho de 1924 7

tra êsse Comissariado cujos serviços o público reconhece.

É possível que se tenham dado as irregularidades a que há pouco se referiu o Sr. António Correia. Que se exija o apuramento dessas irregularidades, está bem.

O que não está bem é que por detrás dêsse louvável desejo se esconda o propósito de atacar uma instituição cujos serviços têm beneficiado altamente as classes pobres, e atacar sobretudo a pessoa que com tam grande boa vontade, tanto trabalho e tanta persistência a tem dirigido.

Eis, Sr. Presidente, o que se me oferece dizer em resposta às palavras que há pouco pronunciou o Sr. António Correia.

O orador não reviu.

O Sr. Moura Pinto: — Sr. Presidente: como V. Exa. sabe, a Câmara aprovou o negócio urgente do Sr. Cunha Leal. Não estavam, porém, presentes os Srs. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra e foi resolvido aguardar a chegada de S. Exas.

Como já passou algum tempo e S. Exas. não comparecem, pregunto a V. Exa. se êsses dois membros do Govêrno já foram avisados da deliberação da Câmara.

O Sr. Presidente: — Tendo procurado transmitir ao Sr. Presidente do Ministério e ao Sr. Ministro da Guerra a resolução da Câmara, mandei procurar S. Exas., mas não foram encontrados.

O Sr. Moura Pinto: — Talvez o Sr. Ministro das Colónias, que está presente, nos possa indicar o paradeiro de S. Exas.

O Sr. Ministro das Colónias (Mariano Martins): — Não sei dizer onde se encontram neste momento os Srs. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra.

O Sr. Artur Brandão: — Então, num momento grave como êste, não se sabe onde param os Srs. Presidente do Ministério e Ministro da Guerra?!

O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: peço a V. Exa. o obséquio de consultar a Câmara sôbre se permite que, em negócio urgente, trate de um assun-

to que se prende com um decreto ultimamente publicado pela pasta das Finanças, devendo dizer desde já à Câmara que desejo tratar do assunto mesmo na ausência do Sr. Ministro das Finanças, e que estou pronto a interromper a s minhas considerações logo que entre na sala o Sr. Presidente do Ministério, visto que não desejo por forma alguma prejudicar o negócio urgente do Sr. Cunha Leal.

Peço pois a V. Exa. o obséquio de consultar a Câmara sôbre se permite que eu trato do meu negócio urgente nas condições que acabo de expor à Câmara.

Nesta altura entra na sala o Sr. Presidente do Ministério.

O Sr. Carvalho da Silva: — Visto já se encontrar presente o Sr. Presidente do Ministério, desisto do meu pedido.

O Sr. Presidente: — Já está presente o Sr. Presidente do Ministério.

Vou conceder a palavra ao Sr. Cunha Leal, de harmonia com a deliberação da Câmara.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: nunca na minha vida me senti tam embaraçado para falar nesta Câmara, visto que estou em presença de dois factos que, na verdade, brigam um com o outro.

Não desejo, falando em nome do meu partido, porque em nome dele falo, quaisquer que sejam os meus sentimentos pessoais, qualquer que seja a minha atitude, não desejo, repito, de maneira nenhuma, que se diga amanhã que p meu partido por qualquer forma concorreu para o enfraquecimento do princípio de disciplina e da hierarquia militar.

Muitos apoiados.

Mas, Sr. Presidente, além dêste dever, há outro, um outro dever de humanidade, e bem alto; e assim não quero como representante da Nação no Parlamento, assistir impassível, sem dizer aqui claramente aquilo que penso, em nome do meu partido, relativamente ao cerco, que se está fazendo, de 3:000 homens contra 17.

Não há da minha parte nenhuma espécie de especulação política o que não quero nem posso é assistir a sangue frio a essa espécie de fuzilamento.

Apoiados.