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14 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros de então respondeu a S. Exa. que achava péssimo colocar tam mal o nosso embaixador em Londres.

E eu pregunto: £0 nosso embaixador em Londres é, porventura, um funcionário que não pode ser demitido em virtude dos regulamentos?

S. Exa. só pode ingressar no respectivo quadro ao fim de cinco anos de exercício do seu cargo.

Nestas condições está sujeito a ser demitido por uma penada ministerial.

Então o que é que o Sr. Rodrigues Gaspar quere dizer com estas palavras «de que o caso está liquidado»?

Quere dizer, permita-se-me a expressão, de que a pouca vergonha está feita e que êle a deixa correr.

Mas então é assim que o Govêrno vai iniciar a sua vida com uma transigência desta ordem?

Confesso que esta foi a minha primeira desilusão a respeito do Sr. Rodrigues Gaspar.

A minha segunda desilusão resultou das afirmações de S. Exa. quanto à política económica e financeira que vai seguir.

O Sr. Rodrigues Gaspar, por todas as considerações já apontadas, não tinha o direito de afirmar aquilo que afirmou, e só posso interpretar as suas palavras e a atitude revelada neste estranho documento, como o desejo que S. Exa. tem de constituir uma maioria, ;que não teria sem a boa vontade do Sr. Álvaro de Castro.

E então passa sob as forças caudinas e passa a achar bom aquilo que como membro da maioria achava mau.

Não, Sr. Presidente, não gosto de afirmações longas; gosto, sim, de afirmações, claras.

Pairou por cima dêste diploma o espírito imortal do conselheiro Acácio, e o Pacheco também nele colaborou.

Há frases que são um poema.

Imaginemos, por exemplo, que existia uma greve telégrafo-postal.

Não sei se existe ou não porque ela prolonga-se há tanto tempo e o Sr. Freiria há tanto tempo nos vem dizendo nas suas notas oficiosas que os serviços estão normalizados, que eu chego a duvidar que exista ainda hoje uma greve, que o pessoal dos correios e telégrafos não tenha já, procurado outras ocupações e que o Sr. Freiria não tenha já substituído muito amavelmente o Sr. António Maria da Silva.

Não valia talvez a pena falar no caso, mas o Sr. Rodrigues Gaspar entendeu dever falar nele na sua declaração ministerial.

Isto é de primeira ordem.

Para nada faltar nesta redacção acaciana, nem sequer faltam as palavras clássicas: «os meios conducentes aos fins que se tem em vista».

Quais serão os meios conducentes?

Isso é que representa um segredo, e simplesmente era isso que nós queríamos saber.

Depois, como os «meios conducentes» já era pouco, o improvisado redactor desta mensagem, parlamentar, continua inspirado pela alma do conselheiro Acácio.

Há meia dúzia de medidas neste Parlamento que o Govêrno não sabe quais sejam, obedecendo a pensamentos diversos, por diversos governos apresentados, mas, diz-se aqui: aprovem os Senhores isso que nós nos contentamos.

Eu bem sei que as ideas, segundo é voz corrente, não servem para nada, mas, sabe V. Exa., Sr. Presidente, quem afirma isto?

São aqueles que não têm ideas.

Êsses é que julgam que as ideas são perfeitamente dispensáveis, afirmando que o que se torna preciso são actos, como se os actos não obedecessem a ideas, não obedecessem a um plano definido!

E qual é o plano do Govêrno?

O que pensa o Govêrno sôbre compressão de despesas?

Até onde julga possível que vá o efeito dessa compressão de despesas?

O que julga o Govêrno necessário pedir ainda de aumentos de receita?

O que pensa o Govêrno sôbre a lei do inquilinato?

Não sabemos nada.

Nem ao menos nos diz o pensamento do Govêrno sôbre a lei do inquilinato.

Eu não sei se o Sr. Catanho de Meneses aceita o filho.

O Govêrno apresentou o programa, mas não diz qual é o seu pensamento. Tudo o que diz já nós o sabemos. Muito obrigado pela novidade.