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Sessão de d de Julho de 1924 9

São estas as condições com que a Acção Republicana dá o seu apoio ao Govêrno.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: apresento, em nome da minoria nacionalista, os nossos cumprimentos ao Sr. Presidente do Ministério e a todos os seus companheiros, desejando que, apesar dos maus agouros de que foi revestida a formação do actual gabinete, a sua acção seja útil à Pátria e à República.

Em meu nome pessoal, desejo apresentar as minhas saudações ao Sr. Rodrigues Gaspar. S. Exa. é um velho parlamentar e não faço esfôrço algum em lhe reconhecer talento; lastimo, porém, que tam mal tivesse usado dessa qualidade, levando-o a disciplina partidária a transigências que levaram aventureiros ao estrangeiro para lá encontrarem o repouso que necessitavam para recuperarem a saúde física e moral.

Quero daqui a espaço referir-me ainda a esta questão, e tenho a certeza de que, na sua resposta, o Sr. Rodrigues Gaspar terá aquela clareza e aquela concisão que teve quando fez aqui as suas afirmações.

Quero mais adiante referir-me a uma entrevista, em que certamente a verdade está deturpada, que o Sr. Rodrigues Gaspar concedeu ao jornal Diário de Lisboa.

Mas como não desejo interromper a sequência das minhas afirmações, deixo êste facto para depois.

Também, especializando de entre todos os Ministros, quero apresentar, em meu nome, os cumprimentos mais afectuosos ao Sr. Ministro da Instrução, pessoa que me acostumei a conhecer como leal colaborador, através uns meses, que me pareceram anos, quando estive empenhado numa obra ministerial, e não esquecido dessa camaradagem, repito, apresento a S. Exa. os meus votos mais sinceros, votos que considero de irmão.

Mas, pregunto a mim próprio nesta hora: resolveu-se, porventura, uma crise política?

Sr. Presidente: por muito que se queira que o Parlamento seja o passa-culpas,
não podem deixar de ser estranhadas as condições em que se. produziu a crise. Importa, portanto, saber em que condições caiu o Govêrno do Sr. Álvaro de Castro, e em que condições chegou ao Poder o Govêrno do Sr. Rodrigues Gaspar.

Creio que, por esta análise, chegaremos a resultados que hão-de espantar a todos, porque acreditando na lealdade dos homens, e acreditando que êles se determinam sempre por intuitos generosos, chegaremos à conclusão que houve um acto de deslealdade política.

Porque caiu o Govêno de Sr. Álvaro de Castro?

Foram votadas duas moções: uma foi aprovada, a do Sr. Vitorino Guimarães, outra rejeitada, a do Sr. Carlos Olavo.

A Câmara, rejeitando totalmente a moção ao Sr. Olavo, não reconheceu que o Sr. Álvaro de Castro tenha cumprido o seu dever, demonstrando assim não concordar com a política financeira adoptada por S. Exa.

Não se pode tirar outra conclusão.

Por fôrça do acaso, a Câmara dos Deputados constituiu, nesse momento, dentro de si, um bloco que afirmou a sua rejeição pela política do Sr. Álvaro de Castro, afirmando que o Ministério presidido por S. Exa. tinha praticado actos que significavam o não cumprimento dum dever.

Tirando esta conclusão da rejeição, deixem-me V. Exas. manifestar a minha surpresa, até pelas próprias palavras do Sr. Vitorino Guimarães.

Apoiados.

O Sr. Vitorino Guimarães tomou com certeza o ar cumpungido em que nós o vemos desde a rejeição do célebre empréstimo «rácico», e os cumprimentos que S. Exa. dirigiu ao Sr. Álvaro de Castro não podem significar senão uma ironia que S. Exa. não poderia certamente aceitar.

De resto, o próprio Sr. Álvaro de Castro teve o cuidado de dizer que o Sr. Vasco Borges tinha sido mais cruel do que eu.

Leu.

A moção, aprovada do Sr. Vitorino Guimarães, moção que derribou o gabinete do Sr. Álvaro de Castro, está na memória recente de toda a Câmara, interpretá-la?