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Sessão de 9 de Julho de 1924 7

São tanto mais insuspeitas estas minhas palavras, quanto é certo que eu, nesta Câmara, estive, por vezes, em questões de detalhe, em desacordo com aquele Govêrno, presidido pelo Sr. Álvaro de Castro, ilustre homem público e meu querido amigo pessoal; mas nunca deixei, e comigo deixaram os meus correligionários, de, prestarmos toda a justiça às intenções e propósitos de S. Exa., que sempre demonstrou um elevado patriotismo e uma dedicação inexcedível pela República.

Apoiados.

Assim, Sr. Presidente, mal nos ficava que, ao dirigir as nossas saudações ao Govêrno que hoje se apresenta, não disséssemos aos Ministros que saíram, que S. Exas. continuam a merecer toda a nossa estima e consideração, e que ninguém deixa de reconhecer os valiosos serviços que prestaram ao País.

Apoiados.

Ao Govêrno actual que palavras poderei eu pronunciar, para significar as saudações que lhe dirigimos, que não constituam um pleonasmo?

Na verdade todos sabem já quanto elevada é a estima e quanto inexcedível é a consideração que todos nós temos pelo Sr. Rodrigues Gaspar, Presidente do Ministério!

Muitos apoiados.

E justos são êsses nossos sentimentos para com S. Exa., porque êle tem sempre revelado, através duma já longa vida pública, os mais elevados dotes de inteligência e de carácter. No desempenho de várias funções oficiais, S. Exa. tem mostrado o elevado grau dessas suas qualidades, e em todos os momentos críticos da República tem-se evidenciado republicano dedicado e de grande espírito de sacrifício. E, Sr. Presidente, iguais referências podemos fazer a respeito de todos os homens que hoje fazem parte do Govêrno. Todos êles merecem a nossa estima e toda a nossa consideração.

Sr. Presidente: nesta hora grave que atravessamos não fica bem que se não diga, inteiramente, toda a verdade. É fora de dúvida que o Partido Republicano Português, se encarasse os problemas nacionais, considerando-se apenas como organismo partidário, pelo prisma dos seus princípios, veria com mais agrado a constituição dum Govêrno partidário que defendesse inteiramente, os pontos de vista do seu programa, promovendo a efectivação, duma política das esquerdas.

É na verdade essa política que hoje domina no mundo, e é fora de toda a dúvida que para ela, mais cedo ou mais tarde, conforme o consentirem as condições nacionais, teremos de ir.

O Sr. José Domingues dos Santos: — Apoiado.

O Orador: — Digo assim, porque está mais que provado que no estado actual da sociedade não haverá maneira de progredir sem a realização das aspirações que caracterizam as democracias.

O Sr. José Domingues dos Santos: — Apoiado!

O Orador: — Mas, Sr. Presidente, nós temos de olhar, antes de mais nada, aos supremos interêsses da República e ainda mais aos interêsses nacionais; e é por isso que nós mais uma vez abatemos a nossa bandeira partidária, deixando de fazer uma política estritamente partidária para nos juntarmos a elementos de outros agrupamentos parlamentares, cujas ideas se aproximam das nossas, para a realização da obra que neste momento se impõe.

Sr. Presidente: o Partido Republicano Português tem acima de tudo procurado sempre que se governe de acordo com o Parlamento, e assim não pode neste momento, na verdade, pensar em uma outra organização, que não seja aquela que representa o Govêrno que se senta naquelas cadeiras.

É por isso que o Partido Republicano Português defendeu, e defende, a idea de se formar um Govêrno saído do Bloco Parlamentar que deu o seu apoio, ao Govêrno anterior.

Sr. Presidente: passando propriamente à análise da declaração ministerial eu devo dizer que ela me satisfaz inteiramente, não só pela sua sinceridade como pela sua honestidade.

Na verdade a hora que estamos atravessando não é para grandes realizações, nem para grandes planos, pois, na verdade mal andaria o Govêrno senos viesse dizer que projectava a organização gran-