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10 Diário da Câmara dos Deputados

Não é preciso forçar o modo de ver para só dar a essa moção o seu sentido verdadeiro.

Só se pode dar uma significação à moção do Sr. Vitorino Guimarães da era a condenação do Govêrno Álvaro de Castro, e mais ainda a falta de homogeneidade e de organização dos seus membros.

Era a própria condenação do bloco parlamentar.

Serei eu uma pessoa que não veja bem a interpretação a dar às moções? Creio que não.

O que eu vi foi uma rajada de moções.

O Sr. Álvaro de Castro fluis manifestar, em documento apresentado ao Sr. Presidente da República, a interpretação das moções que tinham sido apresentadas, umas aprovadas e outras rejeitadas.

É o que se vê da carta do Presidente do Ministério ao Sr. Presidente da República.

Eu e o Sr. Álvaro de Castro estamos do acordo quanto à interpretação a dar às moções. Estamos de acordo quanto ao seu significado político. Agora vemos que o actual Govêrno é a continuação servil da política económica e financeira do anterior Govêrno. Mas então para que saiu o Govêrno que estava para se sentarem naquelas cadeiras outros homens?

Trata-se apenas duma questão de ambição?

O que se vê é que a política em vez de girar à volta de princípios, gira à volta de homens, de aspirações pessoais injustificáveis.

Tirado das moções p significado que elas têm, vejamos como se conduziram as cousas para solucionar a crise aberta pela demissão do Govêrno presidido pelo Sr. Álvaro de Castro, e tiremos também da serena análise dos factos as conseqüências que é mester tirar para que se veja até onde vão os desvarios duma política que não gira à volta de princípios, de ideas e de programas, e à qual êstes importam tanto, que a pouco o pouco os reduzem a uma pequenez tal que êste documento que aqui se encontra quási só contém a idea de que o Sr. Rodrigues Gaspar é uma, espécie de caixeiro viajante do Sr. Álvaro de Castro, que só tem a missão de fazer aprovar as medidas do Sr. Presidente do Ministério cessante.

Apoiados.

Do certa forma o Sr. Presidente do Ministério cessante teve culpa da evolução que a crise política assumiu, pois que S. Exa., não se contentando com a simples análise das moções que tinham sido aprovadas ou rejeitadas, foi mais além, e aconselhou a que se formassem determinados blocos, a que se indicassem determinados Presidentes de Ministério.

Leu.

Permita-se-me cortar nesta altura a narração do Sr. Álvaro do Castro, para preguntar sinceramente à consciência dos que me escutam: Porque é então que o Sr. Álvaro de Castro, se a sua política económica e financeira continua de pé, não poderia ter sido o homem que continuasse a ocupar aquele lugar de Presidente do Ministério, por uma espécie da reconsideração da maioria? Não acreditava, porventura, S. Exa. na, sinceridade do apelo prometido. Mas então como é possível constituir blocos políticos com pessoas que tam fundamentalmente desconfiam umas das outras e que até contestam aos grupos com que se vão ligar a homogeneidade suficiente para poderem garantir a vida de qualquer entidade que esteja na Presidência do Ministério? Sou levado assim a concluir que o apoio que o Sr. Álvaro de Castro está dando á êste Govêrno é um apoio de vingança, dizendo S. Exa. de si para si: «Vocês hão-de morrer da mesma forma por que eu morri, e não me admira absolutamente nada que qualquer dia uma nova saraivada de moções caia sôbre o Govêrno actual, obrigando-o a demitir-se, e nessa altura eu vou para os corredores do Parlamento esfregar as mãos de contente, porque estarei vingado».

«Quem com ferro mata, com ferro morre» diz um velho ditado e cantava uma cançonetista muito conhecida. Mas continuemos.

Continua a leitura.

Em certa altura da epístola do Sr. Álvaro de Castro eu chego a não perceber. Desde que os blocos eram de independentes e democráticos, por que razão misteriosa o Sr. Álvaro do Castro excluía os independentes da Presidência do Ministério? Porque não haveria de a ocupar,