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Sessão de 9 de Julho de 1924 15

O que pensa o Govêrno sôbre política religiosa?

O Govêrno perfilha a política do Sr. Domingues dos Santos?

O Sr. Rodrigues Gaspar apresentou êste papel por uma questão de praxe. Mas, Sr. António Maria da Silva, muito cuidado, muita cautela, que o Sr. Rodrigues Gaspar quere ocupar o seu lugar. Veja V. Exa. que é tanto assim, que a sua declaração ministerial não diz nada.

Sr. Presidente, vou terminar.

O Govêrno actual não nos agrada, porque já condenámos o Govêrno anterior, não pelas pessoas, mas pelas ideas.

O Govêrno anterior não nos satisfazia e o Govêrno actual, que é a continuação do anterior, não nos satisfaz também; não temos confiança nele.

Sôbre a política religiosa nós não queremos a guerra e o Govêrno quere a guerra.

Não podemos por forma alguma ter confiança no actual Govêrno.

Mal vai ao País com as transigências que temos tido. O País tem sido a vítima.

Os Governos pretendem apenas perpetuar nas cadeiras do Poder; é a obra do sectarismo-intransigente do Partido Democrático.

Nós representamos uma outra corrente no País. Entendemos que êste Govêrno não hasteia a bandeira do Partido, procurando envolvê-la em crepes, que parecem ser os crepes dá própria Nação.

Êstes homens não representam senão uma parte do pensamento dos democráticos.

O Sr. Vitorino Guimarães, protestando, ser o portador, como chefe dessa corrente partidária, de ideas claras, foi somente o portador da política dum Govêrno que é perfeitamente um amontoado de elementos heterogéneos.

Veio aqui para salvar o seu partido, mas nós estamos aqui para salvar a Nação.

Por isso não podemos dar apoio a êste Govêrno.

Para que as cousas fiquem inteiramente esclarecidas, tenho a honra de mandar para a Mesa a moção que representa o sentir do Partido Nacionalista:

A Câmara dos Deputados, reconhecendo que o Govêrno, tal como está constituído, não satisfaz as legítimas exigências do País, passa à ordem do dia.— Cunha Leal.

Foi lida e admitida.

O orador foi muito cumprimentado. O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando nestes termos restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Lino Neto: — Sr. Presidente: cada um dos lados da Câmara indistintamente apresentou ao Govêrno os seus cumprimentos de boas vindas.

Esta praxe não representa uma subserviência, mas uma afirmação de boa convivência, que muito vem contribuir para atenuar o peso da atmosfera política em que respiramos.

A minoria católica, que tem por função especial nesta Câmara a conciliação e a harmonia entre as várias correntes sociais, gostosamente corresponde a essa praxe, e faz os seus cumprimentos de boas vindas ao Govêrno, especialmente ao seu Presidente, o Sr. Rodrigues Gaspar, que nesta Câmara se tem evidenciado sempre como homem de Govêrno, procedendo com carácter, inteligência e dedicação patriótica»

Não me esqueço também de saudar os outros membros do Govêrno, aos quais me ligam laços de especial amizade e de particular apreço, como o meu antigo condiscípulo nos bancos da Universidade Sr. Daniel Rodrigues, os meus distintos colegas no foro Abranches Ferrão e Catanho de Meneses e os Srs. Pires Monteiro e Vitorino Godihho.

A todos, pois, eu saúdo e faço os meus cumprimentos.

Relativamente à atitude da minoria católica, devo declarar à Câmara que não acompanhamos, nem o apoio sistemático da maioria, nem a oposição sistemática das minorias. Também não vou para o lado da expectativa benévola, que é inaplicável na política. A nossa atitude definir-se há apenas pelos actos que o Govêrno fôr praticando.

Êsses actos são bons? Terão a nossa aprovação.

Êsses actos são maus? Serão por nós reprovados.

Esta atitude explica-se porque a minoria católica não aspira ao Poder. Não se