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6 Diário da Câmara dos Deputados

domingo, um quarto, em que esperei e continuei a esperar pela resposta do Sr. Ministro da Instrução Pública.

Tive o cuidado de dirigir-me ao Sr. Ministro, lembrando-lhe o compromisso que S. Exa. havia feito.

Porém, os factos deixaram-me mal colocado perante o eleitorado de Gouveia. Ao eleitorado de Gouveia afirmei que não havia má vontade contra Gouveia, pois tinha o compromisso de S. Exa. de que se empenhara junto do Sr. Ministro do Comércio e Comunicações para a criação duma escola comercial.

Já o Sr. Ministro vê a lealdade e isenção com que procedi. Porém S. Exa. não se importou com isso e colocou-me mal. E a prova disso é que num jornal de Gouveia se publicou domingo um artigo em que sou responsabilizado pelo procedimento do Sr. Ministro da Instrução Pública.

E na última hora veio publicado um extracto da carta que para lá escrevi, em que se diz constar que o Sr. Pires do Vale, não obtendo a escola primária de ensino superior, conseguia do Sr. Ministro da Instrução Pública a promessa da criação do ama escola comercial e industrial.

Porém, na segunda-feira, li num jornal que havia sido criada uma escola comercial, não em Gouveia, mas em Seia.

O Sr. Júlio Gonçalves: — E foi muito bem criada essa escola comercial em Seia.

O Orador: — Mas foi criada à custa de Gouveia.

Bem sei que Seia é um centro industrial importante susceptível de um maior desenvolvimento, onde convém difundir o ensino industrial.

Amanhã Seia será uma fôrça industrial de grande valor, visto ter uma empresa que hoje está explorando as quedas dó água, o que será no futuro uma origem de imenso desenvolvimento para todas as indústrias já existentes e para a criação de outras indústrias.

Mas a resolução do Sr. Ministro da Instrução Pública é atentatória do direito criado, atentatória da instrução e do sonso comum.

Devo dizer que em Gouveia toda a gente está indignada por causa do que se passou em relação us escolas.

Os meus amigos enviaram um telegrama ao Sr. Ministro pedindo a criação de uma escola comercial e industrial.

Veja o Sr. Ministro a isenção como andei nesta questão!

Como reparação de justiça só falta, que venha um telegrama agradecendo, ao Sr. Abranches Ferrão a criação da escola industrial.

Dou a minha palavra de honra que quando êle vier não proferirei uma palavra sequer que esclareça êsse formidável equívoco em que essa gente virá agradecer ao único responsável da lucta que venho aqui sustentando, ao único responsável dos prejuízos que sofreu Gouveia, ao único responsável da indignação de que essa gente está possuída e que a levou até o ponto de me telegrafar comunicando-me que a Câmara Municipal e todas as agremiações políticas republicanas iriam dissolver-se, pois todos reconhecem que se cometeu um verdadeiro atentado às necessidades da região, com a agravante, que nunca poderá justificar-se, e que é odiosíssima, de nem sequer haver em atenção que à frente dessa escola estava o nome de Pedro Boto Machado, velho republicano, que outra merco nunca recebeu do regime.

É assim é que essa gente diz: — Em nome da memória do nosso saudoso patrono, a quem a República em troca de toda a sua dedicação e carinho nunca deu outra demonstração de justiça senão a de pôr êste nome ilustre à escola que êle fundou, protestamos contra esta extinção.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações vê bem que nestas condições não posso de forma nenhuma responsabilizá-lo da mesma forma que ao Sr. Ministro da Instrução Pública no assunto dêste debate.

Não posso responsabilizá-lo senão pelo facto de não ter procurado, como lhe competiria, averiguar as necessidades dessa região de maneira a proceder consentâneamente com os interêsses da mesma.

S. Exa. não Criando uma escola comercial e industrial em Gouveia pode ter praticado êste pecadilho do não ponderar devidamente, com absoluto conhecimento de causa, as condições desta terra, e eu não quero levar S. Exa. s a uma declaração que seria até atentatória da boa câmara