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Sessão de 14 de Novembro de 1924 9

Foi o que fiz, devendo acentuar que não foi desordenadamente.

Infelizmente, Sr. Presidente, o tempo não me permitiu que realizasse aquela obra que desejava efectivar, mas a esta questão dediquei o melhor do meu cuidado, procurando sempre bem servir o meu País.

Foi esta a obra que realizei, e creio que a Câmara dos Deputados, que representa o País, me relevará de qualquer falta que tenha cometido, pois não foi mal intencionada,

O Sr. Pires do Vale (em àparte): - V. Exa. dá-me licença?

V. Exa. esqueceu-se de dizer se sim ou não cria a escola do Gouveia.

Devo dizer a V. Exa. que a escola industrial de Gouveia vai ser criada, sob a égide de Boto Machado.

O Sr. Pires do Vale: — Muito obrigado a V. Exa.

O orador não reviu.

O Sr. Leonardo Coimbra: — Sr. Presidente: tinha-me inscrito no debate sôbre as escolas primárias superiores, porque reputo êsse problema da mais alta importância para a vida da República e da Nação.

São vários e de urgência os assuntos que desejo tratar, e para começar, devo dizer que têm causado uma má impressão no meu espírito todos os diplomas ultimamente publicados pelo Ministério da Instrução de sociedade com o Ministério do Comércio, acerca de tam momentoso assunto.

Sr. Presidente: a má impressão a que venho de referir-me provém principalmente do desprêzo absoluto a que se tem votado a província, o que é demonstrado no projecto de reforma das escolas primárias superiores, parecendo ignorar-se que a capital recebe as suas energias, — não só fisiológicas, como mentais — da província. A província, se me permitem esta figura, dá a lenha para ser queimada nesta grande fogueira, que é a capital.

Se não respeitarmos a província, se não olharmos por ela, chegaremos a uma vida artificial, cheia de abstracções e partidarismos.

Sr. Presidente: a criação dos cursos complementares é lamentável.

Nós não podemos concordar com ela; nós os republicanos, os homens da democracia, temos de olhar atentamente para a província.

Pregunto se é querer servir a República centralizar tudo na capital,

E contra isto que protesto.

Mas mais: com & centralização do ensino primário superior na capital pretende-se fazer com que o ensino seja centralizado na escola de Bemfica.

A êste Ministério pode chamar-se o Bemficatense, que leva tudo para Bemfica.

No Diário do Govêrno só vêm insultos e ofensas aos professores honrados que cumprem o seu dever.

É contra isto que protesto; e mais ainda contra a maneira como se desrespeitam completamente interêsses criados.

Tenho aqui um documento curiosíssimo acerca da escola primária superior de Matozinhos, transformada em escola comercial e industrial.

Não podemos ter a preocupação quási exclusiva do estudo das sciências físico-naturais.

Sôbre nomeações de professores, direi que para um liceu de Lisboa foi nomeado determinado candidato, velho republicano e professor competente. Pois foi demitido, pouco tempo depois, para ser nomeado um outro concorrente, que não tinha legalizado no devido tempo os seus documentos e. que é monárquico-integralista, adversário intransigente da República, autor dum artigo em que os republicanos são acusados de todos os crimes. Este facto não impediu que se fizesse a sua nomeação.

Depois disto, Sr. Presidente, eu desejaria muito que o Sr. Ministro da Instrução explicasse se êstes factos podem de alguma maneira estar de acordo com as palavras aqui proferidas ontem por S. Exa., tanto mais quanto é certo que eu tenho aqui a cópia do despacho de S. Exa. o Sr. Ministro da Instrução.

Isto, Sr. Presidente, não se compreende, nem se pode admitir, pois a verdade é que nem sequer foram respeitados os sagrados princípios das leis da República.

Um outro caso eu desejo também tratar e êsse muito especialmente, pois a verdade é que depois da violência das minhas